Vi recentemente o filme A Travessia, de Robert Zemeckis, que retrata um fato ocorrido em 6 de agosto de 1974, quando o equilibrista francês Philippe Petit, então com 24 anos, estendeu sem autorização um cabo de aço entra os 43 metros do vão entre as Torres Gêmeas de Nova York e realizou a travessia.
Muito bom esse filme. Está nas locadoreas, em DVD e Blu-ray. Recomendo.
Nada como ir passar o final de semana num lugar legal e ver que tem um show marcado para lá. Foi o que ocorreu comigo na noite de ontem, ao assistir Dante Ramon Ledesma na Pizzaria Panzerotti, em Torres/RS.
A pizzaria não estava lotada, contudo, quem foi aplaudiu e se emocionou. Dante está com a saúde frágil, teve de ser auxiliado para subir ao palco assumir o bumbo leguero e a voz: logo no início, já falou sobre o AVC hemorrágico que teve há dois anos, informando que passou cinco dias em coma, dezessete na UTI e mais de um mês hospitalizado. O braço e a perna esquerdas praticamente sem movimentos foi a sequela. A voz perdeu muito pouco da força original. Ele disse estar agradecido a Deus por ainda poder estar ali, levando sua arte adiante.
Acompanhado de seu filho Maximiliano Ledesma na voz e violão e pelo ótimo violonista Gilmar Varela, executou seu repertório conhecido, de canções socialmente engajadas, sempre conversando com o público. Aí é o que continua sendo seu traço artístico fundamental: palavras nunca vãs, repletas de sabedoria tanto social quanto de vida, sendo um cantor com imposição moral, intelectual e artística sobre o público. Só quem já foi a um show de Dante para entender porque eu utilizo essas três palavras para definir sua presença de palco.
Como, por exemplo, quando homenageia as professoras ao cantar Mercedita, contando a história de uma professora de educação popular argentina. Ao interpretar Guri, fala sobre a importância da família. Em Canto Alegretense, lembra de Antônio Augusto Fagundes, destacando a figura humana sem par que faleceu há exatamente um ano: quando chegou ao Rio Grande do Sul, queriam impedir que ele se apresentasse nos festivais nativistas devido ao seu sotaque, que "descaracterizaria" a cultura gaúcha. Fagundes o chamou para uma conversa e disse que renunciaria à presidência do IGF, mas que não assinaria uma determinação dessas.
E assim foi por toda a apresentação, a cada canção, aplaudidas com visíveis admiração e respeito pelo público presente. Uma noite para não se esquecer jamais. Aprendi muito nesse dia, recebendo um belo presente de aniversário. Grande Dante Ramon Ledesma, valeu muito tê-lo assistido ontem, obrigado mesmo, de verdade.
Hoje à noite ele se apresentará novamente na Panzerotti.
..."cordeona com violão"...
Nesse exato momento o inverno chega ao Rio Grande do Sul. Até ontem foi só ensaio, tudo só às brinca, agora é que os cuscos irão renguear de verdade e os palas, as bombachas e as botas sairão do armário.
Hoje será a noite mais longa do ano. Todo mundo pensa que é o dia 24, de São João, mas é folclore: o solsticio de inverno é hoje. Logo, teremos a noite mais longa e o dia mais curto de 2016.
Prepara o chimarrão que já não é mais tempo de "friozinho".
Sábado, 18, Samuel Vieira (voz e violão) e Gilson Baresi (saxofones alto/soprano e flauta transversal) se apresentaram à noite no Restaurante Uruguayos, em Charqueadas. Boa música: MPB, samba e rock, num formato duo que raramente se vê na cidade. Principalmente, também, porque pouco se toca samba e MPB na noite local, ultimamente.
Depois dos duos Gheller & Huzalo (violão e violoncelo) nos extintos Live Studio e Petiskus e Pradella & Rambor (violão e baixo acústico - "rabecão") no Tempero Literário (São Jerônimo), Samuel & Gilson me proporcionaram ouvir um bom cardápio musical com temperos instrumentais diferentes dos usuais.
Podia escrever muito sobre a apresentação de ontem, mas prefiro destacar apenas dois momentos: em primeiro lugar, a interpretação que deram para Wave (Tom Jobim, imortalizada na voz de João Gilberto), com o sax alto de Baresi "soprando" suave e deliciosamente a melodia. Onde se ouve bossa nova na noite hoje em dia, aqui na região?
Em segundo lugar, o requinte da harmonia que Samuel fez ao violão para Como Nossos Pais (Belchior). Deu outra cor e vida para a magnífica canção, enriquecendo-a. Foi muito legal de se ouvir e perceber as variações de acordes que ele fazia.
Ao par do som, no Uruguayos ainda se pode "saborear" o bom gosto das telas de Andréia Berbigier ali expostas, o que soma pontos para o restaurante.
Em resumo: uma noite que valeu a pena. Podem ir num local onde eles estiverem tocando que será certeza de uma boa pedia. Recomendo.