Se é verdade que a chuva de quarta-feira causou sérios problemas em mais de cem municípios gaúchos, igualmente verdadeiro é o refresco que nos deu. Agora estamos assim: quando esquenta, torra; quando chove, alaga. Sinal dos tempos de mudanças climáticas, mesmo que negacionistas cegos minimizem ou ignorem o problema que o ser humano arrumou para si.
Com o temporal que marcou a entrada do outono, luz e internet sumiram para muitos, além dos prejuízos materiais que, infelizmente, estão virando regra: pobre povo pobre e sofrido. De minha parte, digo que ainda prefiro o inverno, pois do frio dá pra fugir e se esconder, já desse inclemente calorão terrível não há como escapar. Que o outono, então, nos seja de alívio e bons presságios.
E, assim como acabamos de entrar no refrescante outono, já estamos quase na Páscoa! Adoro a Páscoa, é o feriado religioso mais historicamente embasado que temos (1), eis que o Natal é uma efeméride convencionada. Este já será o Domingo de Ramos, o que marca a entrada de Jesus em Jerusalém. É o meu dia preferido da Páscoa, pois "nele vejo a esperança que viceja, a utopia que se concretiza e o amor que impregna o coração humano, uma data de extrema alegria e felicidade, momento único" (2), "um dia de esperança e de fé do povo, que ama, confia e acredita, coisas que movem a humanidade" (3). "É o dia da simplicidade e da humildade pelas quais se manifestam os grandes espíritos, sem precisar de pompas a fim de serem reconhecidos. Jesus entrou em Jerusalém montado num jumento e foi louvado pela população, que lhe estendia as vestes pelo caminho e o saudavam com ramos. É, também, o dia de separar a fé dos poderes econômico e politico" (4). Os ramos utilizados na missa serão "guardados até o ano seguinte para, já absolutamente secos, serem utilizados na Quarta-feira de Cinzas como, justamente, cinzas, aquela que o padre usa para riscar a cruz na testa das pessoas" (5).
Alguns historiadores afirmam "que a entrada de Jesus em Jerusalém, de fato, se deu na Festa dos Tabernáculos, em setembro, o que significaria que teríamos, portanto, um Semestre Santo onde a Paixão se deu, e não uma semana" (3). Bom, o que isso importa? Para a História, muito; para a fé, quase nada. O que altera o sentido e o significado da data esta possível inexatidão dos evangelhos, devido a um recurso literário e teológico dos evangelistas visando uma condensação temporal a fim de facilitar a liturgia da Páscoa cristã, acomodando-a no período de sete dias?
Assim, vivamos mais um Domingo de Ramos em nossas vidas, celebrando a acolhida do povo para o Filho de Deus sob a refrescante temperatura da entrada do outono.
Um bom final de semana e Domingo de Ramos para todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam e fiquem com Deus.
Notas:
1 - A propósito, ler o artigo Domingo de Ramos, de 1º de abril de 2015.
2 - Citação da crônica Domingo de Ramos, de 28 de março de 2021.
3 - Citações contidas na crônica Domingos de Ramos em setembro?, de 8 de abril de 2022.
4 - Citação retirada da crônica Jerusalém, de 9 de abril de 2017.
5 - Conforme a crônica Domingando de Ramos pela cidade, de 11 de abril de 2022.