João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
Capa Meu Diário Textos Áudios Fotos Perfil Livros à Venda Livro de Visitas Contato Links
Textos

Imagem: aquarela de James Tissot (1836 - 1902)

 

Domingo de Ramos em setembro?

 

Este domingo marca o início das comemorações da Páscoa cristã, com o Domingo de Ramos, quando Jesus entrou em Jerusalém montado num jumentinho e foi aclamado pelo povo, que saudou sua passagem com ramos nas mãos. Está nos evangelhos essa descrição do primeiro dia da Semana Santa. É, particularmente, o dia que mais aprecio nessa, pois é um dia de esperança e de fé do povo, que ama, confia e acredita, coisas que movem a humanidade. Todavia, há quem diga que a entrada de Jesus em Jerusalém, de fato, se deu na Festa dos Tabernáculos, em setembro, o que significaria que teríamos, portanto, um Semestre Santo onde a Paixão se deu, e não uma semana.

 

O professor de Filologia da Universidade Complutense de Madri, Antonio Piñero, defende essa tese, do ponto de vista histórico. Segundo ele, como está relatado nos evangelhos, todo o processo a que Jesus foi submetido soa inverossímel, eis que contraria tudo o que se sabe sobre o direito romano e judeu do século I, seus prazos e regramentos. O mais provável para Piñero é que o relato da Semana Santa foi um recurso teológico e litúrgico dos evangelistas - baseados num texto anterior ao Evangelho de Marcos -, visando tanto a compreensão da Palavra de Jesus quanto facilitar sua celebração posterior. Logo, trata-se de uma condensação literária e teatral em uma semana de um período de meses, iniciado em setembro no ano anterior, durante a Festa dos Tabernáculos, onde as palmas - citadas no Evangelho de João - eram trazidas de Jericó para Jerusalém exclusivamente para uso durante a celebração da festa. Claro que essa tese história é recheada de argumentos que não cabem no espaço exíguo desse texto, mas que podem ser acessados pelos interessados em pesquisas na internet sobre o autor em tela.

 

Levando-se em conta o que foi brevemente citado acima, podemos dizer sobre a simbologia da Semana Santa, à italiana: "Se non è vero è ben trovato". Muy bien trovato! No caso, até, porque seria, de fato, vero (Piñera não contesta, antes afirma o Jesus histórico, embora defenda que o Cristo seria uma invenção da teologia de Paulo): tenha mesmo iniciado durante a Festa dos Tabernáculos a Paixão - numa gama de hipóteses plausíveis -, sobra a possibilidade factual de a condensação literária-teatral-litúrgica feita pelo talentoso autor do texto proto Marcos (a hipotética fonte Q), de qualquer forma, se referir a um fato histórico concreto (Jesus histórico preso, julgado, condenado e crucificado), ocorrido em um curso de tempo maior, condensando-o e dramatizando-o para fins litúrgicos e referenciando-o em textos proféticos. Condensou, mas não inventou (?).

 

Estudos e teses históricos a parte, o certo é que iniciamos domingo a Semana Santa pelo Domingo de Ramos e que a Palavra de Jesus perdura nos corações verdadeiramente amorosos até o nosso tempo. Fosse ela seguida por todos, não estaríamos vendo, dentre outras, coisas como a Guerra da Ucrânia. Estaríamos, então, irmanados, como naquela canção de Antônio Marcos, há cinquenta anos:

 

O homem de Nazareth

 

Mil novecentos e setenta e três
Tanto tempo faz que ele morreu
O mundo se modificou
Mas ninguém jamais o esqueceu

E eu, sou ligado no que ele falou
Sou parado no que ele deixou
O mundo só será feliz
Se a gente cultivar o amor

 

Hey irmão, vamos seguir com fé
Tudo que ensinou
O Homem de Nazareth

 

Reis e rainhas que esse mundo viu
Todo o povo sempre dirigiu
Caminhando em busca de uma luz
Sob o símbolo de sua cruz

E eu, sou ligado no que ele falou
Sou parado no que ele deixou
O mundo só será feliz
Se a gente cultivar o amor

 

Hey irmão, vamos seguir com fé
Tudo que ensinou
O Homem de Nazareth

 

Ele era um rei
Mas foi humilde o tempo inteiro
Ele foi filho de carpinteiro
E nasceu em uma manjedoura

Não saiu jamais
Muito longe de sua cidade
Não cursou nenhuma faculdade
Mas na vida Ele foi doutor

Ele modificou o mundo inteiro
Ele revolucionou o mundo inteiro

 

Hey irmão, vamos seguir com fé
Tudo que ensinou
O Homem de Nazareth

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 08/04/2022
Alterado em 08/04/2022
Comentários