Eu tinha visto no WhatsApp, numa postagem do escritor charqueadense Max Belzareno no grupo do Clube do Livro de Charqueadas, e agora também na TV: uma influencer estadunidense, que confere pela ordem alfabética dos países livros de seus autores mais proeminentes, está lendo Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) e pirou com o livro do nosso Machado de Assis (1839 - 1908). Disse que é o melhor que já leu e o indicou pro pessoal, provocando um benfazejo interesse pelo livro nas livrarias online no exterior. Mais do que merecido, pois nós sabemos que Assis é um dos gênios da literatura portuguesa e mundial, além de ser o maior escritor brasileiro de todos os tempos.
Talvez essa redescoberta popular no estrangeiro, via redes sociais gringas, do Bruxo do Cosme Velho, seja apenas mais um dos vários episódios que marcaram e ainda marcam a trajetória da obra de Assis nos últimos 116 anos após a sua morte, em setembro de 1908. São inúmeros escritores por ele influenciados no Brasil e no mundo, assim como renomados críticos literários do planeta analisaram (e enalteceram) a sua produção literária. Talvez o mais consagrado desses seja o famoso professor e crítico literário estadunidense Harold Bloom (1930 - 2019), grande especialista em Shakespeare, que afirmou ser Machado um dos 100 maiores gênios da literatura universal e o maior escritor negro já surgido.
Particularmente, um de seus escritos que li ainda jovem e muito me influenciou foi o conto-novela (?) O Alienista (1882), debatido pelo Clube do Livro em agosto do ano passado e sobre o qual escrevi para o jornal Portal de Notícias (Simão Bacamarte enlouqueceu ou não? e Machado de Assis em alta). Também as suas crônicas ajudaram, junto com as de alguns outros, a pautar o escritor que me tornei. Sou apenas mais um na multidão que aprendeu muito em seus textos em mais de um século. Uma obra viva que ainda dialoga com o Brasil de hoje. Aliás, na sexta-feira escrevi aqui sobre o livro de um autor que muito deve à Machado de Assis, Lima Barreto (1881 - 1922), que foi seu contemporâneo e em O triste fim de Policarpo Quaresma (1911) igualmente retrata nosso país (O Brasil de hoje visto do passado).
Por tudo isso, sinto muita satisfação em testemunhar mais um merecido reconhecimento da literatura machadiana. Espero que o episódio estimule os jovens brasileiros a procurarem por esse grande escritor, principalmente aqueles que tem gosto pela leitura e pretensões literárias. É uma obra muito acessível, existem várias publicações em livrarias e bibliotecas. Aqui em Charqueadas, por exemplo, tem muita coisa na Biblioteca Pública Vera Gauss, para empréstimo, como essa edição clássica de Memórias Póstumas de Brás Cubas da Editora Ática, na imagem abaixo.
Uma boa semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, ajudem os atingidos pela enchente, leiam, vivam e fiquem com Deus.