Ontem (já passa uma hora da meia-noite) fiz um churrasquinho às 14 horas para marcar os 80 dias de isolamento social nessa pandemia. O clima está tranquilo aqui em casa, mesmo com a apreensão e tristeza pelo que ocorre. Eu e minha esposa, casamento abençoado, convivemos muito bem com saúde, amor e paz. Sem tédio, só preocupação com a pandemia e seus efeitos nefastos no Brasil - agravado pelo destempero imperdoável do governo federal - e no mundo, onde a tragédia afeta a vida de muitas pessoas.
Tirando esse receio, nossa casa é bálsamo e aconchego. Espero logo voltar ao normal, ver ao vivo parentes e amigos, ir a jogos do Grêmio, igrejas, casa espírita, livrarias, passear, trabalhar. E mudar de vida também, solidariamente mais próximo das pessoas para estar mais próximo de Deus e fazer sua obra, que urgirá no período pós pandemia em auxílo à muitos que precisarão. Por enquanto isolamento, com as gatas (Coruja e Vulcana), o cachorro (Botafogo) e a cadela (Bela Ponte Preta Mixuruca).
Espero que todos fiquem com Deus e que as famílias sejam preservadas do pior, com as autoridades decidindo o que fazer a fim de preservar a vida das pessoas dos grupos de risco e protegendo principalmente todos os profissionais da saúde e suas famílias, esses anjos terrenos imprescindíveis que arriscam suas vidas para salvar a dos outros.
Pois é, nunca fiquei tanto tempo em casa. Só uma saída nesse período. Só me dei conta agora, 00:41 da madrugada de 09 de junho, do número redondo. Ficar em casa é bom, não sofro como as outras pessoas, que dizem que ficam entediadas, deprimidas. Até penso: com um vírus mortal na rua, ficar em casa é um alento!
Estava assitindo uma live no Youtube do doutor em microbiologia Átila Iamarino, junto com o ex-secetário de Vigiãncia Sanitária do Ministério da Saúde da gestão de Mandetta, Wanderson Oliveira, doutor em epidemiologia. Conclusão deles: o Brasil, nesse momento, deve possuir entre 3.5 a 4 milhões de casos. A taxa real de mortalidade é mesmo 0.8 a 1.2%.
Hoje farei um espetinho para comemorar a vida e a saúde. Hoje também sai o meu resultado de sangue par hemoglobina glicada na Clinitest, Agora é ver se a médica vai querer me ver ou se faço tudo online e via telefone.
Ah, a Rosilane me disse à noite que a dona Eva, mãe dela, estava se queixando de cansaço e dor no corpo. Como isso é algo que ela reclame de vez em quando faz tempo, torçamos para o melhor, né.
Sexta-feira a Joana ligou para o Rosilane para dizer que chamaram ela para trabalhar na prefeitura de Arroio dos Ratos. Ela irá amanhã, segunda-feira, lá. Esteve aqui em casa nesse domingo até bem pouco, veio conversar sobre isso.
Disse que tem receio, como todo mundo, mas que vai. Falou com a médica e ficou confiante, pois esta lhe informou que nenhuma das coisas dela a colocam no grupo de risco, que a imunidade está ok, então corre os riscos que toda a pessoa na idade dela corre, residuais, não entrando em nenhum grupo de risco. Mas eu fico preocupado, muito. Não sei se vale a pena. Numa situação normal esse concurso em que ela passou adianta muito a sua vida, passa a ter emprego e estabilidade, na verdade eu torcia muito por isso. Contudo, nessa anormalidade transitória, eu penso: precisa mesmo? Temos condições de mantê-la e emprego se arruma outro depois, se faz outro concurso, pois o risco que todo mundo corre é o da vida, eis que a possibilidade de contágio está alta com o crescimento descontrolado do espalhamento do vírus no Brasil.
Ontem eu falava por mensagerm no Messenger com a Jule, uma amiga do Recanto das Letras muito querida, que é médica de emergência em Brasília. Ela me disse das suas preocupações e eu disse que ela era muito nova, seria muito azar. Ela então me relatou que tinham entubado um colega amigo dela, mais novo, saudável, de 28 anos. Disse que o corpo dá um "tilti" e, quando se vê, um caso desses acontece. Mas concordou que é residual mesmo. E eu passei confiança pra ela. A mesma que eu tenho de que nada de ruim acontecerá com a Joana. Mas, garantido, não é, como vemos. Nessas horas, em que se tem muito a perder, o bem maior que é a vida, a gente se preocupa, não há como não.
Não acho que seja o momento da Joana arriscar, visto que ela não depende desesperadamente de um emprego para comer e morar, nesse momento. Todavia, a escolha é dela, já tem quase 23, mora em dua casa, sabe o que faz, tem o seu discernimento.
LIVE COM IVONE - Hoje, agora há pouco, 19h30min, consegui finalmente falar com minha mãe, via o celular da Amanda, pelo messenger, Muito bom ver ela. O celular da outra cuidadora, a Scheron, não tem suporte para o Messenger. Uma pena, pois é ela que fica de segunda à sexta com a mãe, a Amanda é só nos finais de semana. Legais essas duas. A Amanda toca violão e leva o instrumento para cantar junto com a mãe, que tem uma bela voz, muito afinada, é famosa na cidade por isso. A mãe achou que a Joana tem de ir trabalhar e disse que eu sou muito preocupado. De certa forma, a confiança dela amainou meu coração. Vi o pai também, estava bonitão o Nery Mathias, de boné e de cavanhaque branco. Sorridente.
Daqui há uns minutos vamos contarar a Joana pelo whatts da minha esposa.
Esses dias o Luciano Belgrado fez um vídeo cantando Love Of My Life, do Queen, com o Braian May acompanhando na guitarra. Na verdade, ele fez o que muitas pessoas fizeram: pegaram no Youtube dele essa base que ele fez em abril para um cantora e fizeram um "singer off", como se fosse pra eles. Muito legal. Pedi para a Joana fazer uma versão e estou aguardando.
Ontem fiz a janta. A minha especialidade: massa parafuso (integral) com carne moída. E tomamos esse vinho, da Aurora, safra 2015, de quando fomos a Bento Gonçalves, uns dois anos atrás. Excelente. Embebedou-me, mas acordei hoje levinho.
Ontem pela manhã fiz um exame. Não precisei sair de casa, a mulher do laboratário Clinitest veio aqui e coletou meu sangue. "Fique em casa", sigo à risca, só sairei para o estritamente necessário. Por mim e pelos outros, não ajudando a espalhar o vírus.
Ontem também aprendi sozinho a usar a câmera do notebook e a fazer live no Face e no Messenger. Inaugurei hoje pela manhã no Messenger com o Guto Martin e a Clarice Silva.
Ontem escrevi uma crônica para o Portal usando a foto do bolo de aniversário da Aline (imagem abaixo). Ela me inspirou a crônica. O níver dela foi dia 31 de maio, só ela e a mãe, a Lúcia, em casa.
Na terça a Joana esteve aqui em casa, chegou ao meio dia e ficou até às 18h. Ficamos na frente da casa, respeitando o distanciamento social, sentados em cadeiras de praia, conversando. Foi ótimo.
Vida que segue, agradecendo a Deus por cada amanhecer e anoitecer, espetáculos da criação divina. Um privilégio estar aqui, vivo, com saúde, assistindo-os.
Fiquem em casa, fiquem com Deus.