“The Who, since 1964”, estava escrito no boné à venda na entrada do show. São 53 anos de carreira, é muito tempo de carteira assinada e registro na OAB, eh eh eh eh. Entretanto, os veios estavam em forma para o show em Porto Alegre, no belo e moderno estádio Beira Rio, que é quase uma Arena Grêmio.
Na chegada, ainda de dia, o estádio já causa boa impressão pela beleza, por dentro. É muito bem localizado na capital gaúcha. Por fora, parece uma moranga albina feiosa feita de lonão (Como é o nome daquilo? Não vou pesquisar para saber). As rampas de acesso são muito íngremes, o que era de se esperar num estádio que já teve coréia antes de ser reformado, né. Às 17h40min já dava para se acomodar muito bem para o show dos britânicos Def Lepard e, atração principal, The Who. Não preciso falar das bandas, principalmente da segunda. São da história do rock. Tu não conheces? Puxa vida, tô impressionado. Mas para isso tem o Google e a Wikipédia. Vali lá, aguardo.
Voltou? Buenas, agora tu sabe de quem estou falando. Não tem nem cinco mil pessoas ainda no “Anfiteatro Beira Rio”, que é como eles chamam botar o palco depois da intermediária, em direção ao fundo da goleira, usando um quarto ou quase um terço da capacidade do estádio. Dá pra sentar bem em frente ao palco, nas cadeiras superiores (local de ingresso mais barato, 230 pila!) e perceber que algumas daquelas cadeiras caem pra frente, deixando a gente escorregando pra baixo. Localizo umas cadeiras firmes (glória) na fila de cima, fomos pra lá (ponto pra Arena, lá esse problema não tem). O espaço entre as filas é maior, dando pra passar legal. Mas estádio é pra ver jogo, não pra caminhar, né.
Dou uma caminhada pelo local antes do show. A vista, bem do alto, é legal, já escurecendo, vendo o rio e as luzes de Guaíba, cidade vizinha. O sortimento de gastronomia do Beira Rio é excelente (se liga aí, Arena, isso não pode ficar assim). Os WCs são bem legais também, alto padrão pra estádio de futebol, tem mictório individual. Ponto pros colorados.
Ao entardecer eles ligam umas luzes vermelhas por dentro do lonão e o estádio fica mais bonito. Uns minutos antes das 20h o Def Lepard resolve aparecer e iniciar mais cedo o show. Baita show, muito bons os caras. O baterista, com um braço, faz mais que muita gente aí com dois. Até as canções deles que eu não conhecia eu gostei. Rock of Ages e Love Bites o pessoal conhecia. Como a última tem uma versão brasileira antiga do Yahoo, com o Robertinho do Recife, a gente a ouve com a letra brasuca na cabeça. Digo até que o solo do Robertinho é mais legal, mais fluído do que o dos caras. Mas os guitarristas eram muito bons, excelentes.
Termina o show dos caras umas 21h, por aí. Começa o troca-troca no palco e, em meia hora, na hora marcada, entra o The Who. Assim como o Def, o Who estava visivelmente a fim de tocar. Abrem com I Can’t Explain. A terceira é a canção da abertura do seriado CSI, Who Are You? Depois dela, Pete Townshend dá o seu “Porroto AlégrA” para o público. O “ôbrrigádô” do Roger Daltrey saiu melhor pronunciado. O pessoal ficava entoando toda hora “rú, rú, rú , rú”, entre as canções. E também uns “Fora Temer”, algumas vezes.
Falando sobre a dupla remanescente da formação origninal do The Who, já que os outros dois ficaram pela estrada da vida do rock, os caras estão muito bem: a guitarra de Pete (ele é um guitarrista mais cerebral do que sentimental) soa visceral, precisa e nítida (mais que as dos caras do Def), e ele se movimenta muito bem pelo palco, com energia que chama a atenção para um cara de 72 anos durante duas horas de show. Parece o meu sogro, o old Peter Roc, que tem a mesma idade e ainda rema, pedala e anda duas horas por dia. Mas o tempo judiou com ele, tá com uma aparência de velinho mesmo, carecão. Já o Daltrey, um ano mais velho, está com todos os cabelos na cabeça, sarado e com a voz em ótimo estado. Tô pra dizer que foi a voz mais inteira em relação ao seu passado de glórias que vi dos dinossauros do rock que já passaram por Porto Alegre, e vejam que eu ouvi o Robert Plant no Gigantinho. Não deixou a desejar.
Ah, ia esquecendo: o baterista dos caras era o filho do Ringo Star, dos Beatles. Zac Starkey, se não me engano. Tocou muito bem o cara, com fúria e técnica. Mas o som da bateria do Def estava melhor, na minha opinião, mais nítido. Os outros componentes da banda eram três tecladistas (que faziam um ótimo trabalho de backing vocals), um baixista e o irmão de Pete na outra guita. O Daltrey pegava o violão numas canções, mas confesso que, sinceramente, eu não conseguia distinguir o som dele.
Bom, o resto vocês podem imaginar: eles tocaram as canções que a gente quer ouvir com vontade e o pessoal adorou. Eu, particularmente, fiquei meio decepcionado com Pinball Wizzard: o som daquela nota distorcida de baixo que funciona como pedal na intro da música, estava sem força e volume. Ah, tinha que ser muito mais encorpado e alto, tchê! A guitarra do Pete, com aqueles acordes descendentes com quarta na abertura, também achei desmilinguida, limpa e sem força. Apesar de que até na versão de estúdio essa canção tem esse “problema”, embora daí o baixo tenha o apio da guita distorcida, estourando no ouvido e compensando tudo. A voz forte e precisa de Daltrey salvou a canção que, como não podia deixar de ser, teve na sequência See Me, Feel Me / Listening To You Scene, também de Tommy (a “ópera rock” do Who, de 1969) onde tudo, daí, soou perfeito e matador. Outra canção que saiu nota 10 foi Baba O’Riley (e que também é tema de outra abertura da franquia CSI). Olha, talvez tenha sido o ponto alto da noite, na minha opinião. Tô arrepiando agora só de lembrar.
Ao ascender as luzes, depois do final do show, calculei que havia umas 15, 20 mil pessoas lá (eram 14 mil, vi no jornal depois). Puxa vida, esses caras, aos setenta, com 53 anos de carreira, ainda levam 14 mil pessoas para um estádio de futebol num país de outro continente! Esses caras tocaram em Woodstock, você ouve no filme eles cantando essas mesmas canções do Tommy lá, tchê! E quem mais, no rock, ainda leva gente pra estádio hoje? O pessoal dos anos 60, 70 e 80. Dos 90 pra cá, quem ainda enche estádio? Daqui 30 anos, qual dos caras de hoje vai poder ir num show de rock desse porte, quando esses dinos já estiverem todos mortos? Foi o que me disse o meu cunhado ao final do show: - “Quando eu tiver a tua idade, poderei, como tu, ter um show de rock desse porte para ir assistir?” Acho que não, pois se os caras hoje já não levam público... O rock está nas mãos dos seus avôs, sem sucessores à altura, parece-me.
Ao final do final, saindo do morangão de táxi, dá pra dizer: ele fica bonito assim, todo vermelho, de noite. Quase uma Arena. Quase.
Foi legal ontem pegar autógrafos no livro de Daniel Sperb, do próprio e dos jogadores do Grêmio Campeão Gaúcho de 1977: André Catimba, Cassiá, Ancheta, Oberdan, Tarciso , Eder, Jorge Leandro, Iúra, dos reservas Remi e Gino e do dirigente Verardi.
Simpáticos aos torcedores os jogadores presentes, mas Oberdan e Tarciso se esforçavam mais para agradar, muito educados. Para mim, que comecei pelo futebol justamente naquele ano e por aquele time, foi especial.
Um cara na minha frente na fila dos autógrafos, um alemão alto com a mãe junto, estava com um disco compacto de vinil lançado após o título. Disse que tinha 52 anos e ouviu o jogo pela rádio, em Novo Hamburgo. Ele falava: - Tem aqui no compacto o Sant"Ana dizendo "o Grêmio é melhor que o Inter, eu disse". Na hora dos autógrafos, até os jogadores mostravam surpresa e satisfação com i vinil. E o alemão repetia : - Tem aqui o Sant"Ana...
Circularam pelo local também o grande jornalista e historiador gaúcho Eduardo "Peninha" Bueno e o cineasta e ex-Replicantes Carlos Gerbase. Rateei em não levar meus livros "tricolores" do Peninha para pedir autógrafo.
O evento ocorreu na Hamburgueria 1903, do Grêmio, no Shopping Praia de Belas, em Porto Alegre. Trouxe um cerveja 1903 para experimentar.
Caiu, como não poderia deixar de ser, num domingo o 25 de setembro de 1977. Foi o ano em que eu aderi ao Grêmio e passei a ter opção clubística, logo, muito especial para mim a data. Eu ouvia o Grenal decisivo do Gauchão com meu pai, pelo rádio. Aos 40 do primeiro tempo, gol do Grêmio! Tadeu Ricci (foto, comemorando) deu um corta luz, a bola chegou em Iúra que lançou André Catimba (foto, "voando") que bateu e venceu o goleiro Benitez (foto, sentado). André foi dar uma cambalhota e teve uma distenção, caindo de cara no chão e saindo da partida.
Eu não vi isso, imaginei pelo rádio. Um Grenal antológico, o Inter era octa campeão Gaúcho e Bi Brasileiro, um timaço, mas o Grêmio trouxe o técnico Tele Santana para acabar com a festa e acabou. Corbo no gol, Ladinho, Eurico, Oberdan, Ancheta (Cassiá), Vitor Hugo, Iúra, Tadeu Ricci, Éder, Tarcido, André Catimba.. Grêmio 1x0, Grêmio Campeão.
Divisor de águas para o Tricolor. O Inter ainda seria campeão invicto do Brasileiro de 1979, entretando o Grêmio conquistaria o país (1981) e, feito então inéditos para o futebol gaúcho a América (1983) e o mundo (1983).
Hoje, no Shopping Praia de Belas, em Porto Alegre, às 19 horas, será lançado um livro sobre esse Gauchão. Que saudade dos tempos em que o Gauchão era importante e marcava época.
Em 1997 (ou 1998?), a Secretaria de Educação de Charqueadas ter trocado o desfile do 7 de Setembro por atividades cívicas nas escolas gerou polêmica. Na Câmara de Vereadores, um projeto tornando obrigatório o desfile cívico foi aprovado. Em 2017, não tem nem desfile e nem atividade na Semana da Pátria. O tempo passa, as coisas mudam, divergências se perdem no passado...
Lembro muito bem da morte de Elvis, dia 16 de agosto de 1977. O cara era uma lenda viva. Eu, ainda um garotinho na década de 1970, via seus filmes na TV (como o da foto acima, "O Seresteiro de Acapulco", 1963). A notícia de sua morte ecoou por todos os meios de comunicação da época, dia e noite, era só sobre o que se falava. Foi algo, para mim, impressionante.
Ontem, portanto, fez 40 anos de sua morte. Quando penso em canções dele, as primeiras que surgem na cabeça são Kiss Me Quick e It's Now Or Never.
Entretanto, um fato prosaico envolvendo sua morte é que ele faleceu no banheiro. Isso mesmo, a morte pegou o Rei do Rock sentado no trono sanitário. Sua namorada encontrou-o ali, sem vida, por volta das duas da tarde. Teria ido ao WC lá pelas 09h30min.
Um antepassado meu, é história em minha família, morreu sentado no WC, também. Então esse fato sempre marcou minha memória.
Somos tão frágeis, não é mesmo. Tem gente que morre dormindo, mais do que gente que morre no WC. Morremos quando menos esperamos, da maneira mais inesperada possível. Não teve um ator que morreu pendurado dentro de um armário de hotel, asfixiando-se com uma corda a fim de aditivar a masturbação? Pois é, mas daí o cara está se arriscando, não é mesmo. Até que um cara foi segurar um pum na casa da namoradae morreu eu tive notícia, esses dias. Incrível.
Mas quem imagina que vai dormir e morrer? Ir tomar banho e morrer? Ir escovar os dentes e morrer? Ir transar e morrer? Ir se masturbar e morrer? Segurar um pum e morrer? ir defecar e morrer? Mas acontece. Foi assim com Elvis e com o meu antepassado.
Todavia, como disse Mário Quintana, no Caderno H: " O NIVELAMENTO FINAL - nem ao menos a morte iguala a tudo. Se é verdade que todos terminamos cadáveres, uns são os cadáveres de Einstein, se Aga Khan ou de Marilyn Monroe, e outros os de José Fgundes ou o de Joaquininha da Silva..."
Pois é, 40 anos depois, a morte de Elvis ainda é lembrada; 60 anos após a morte do meu parente, quem se recorda ainda dele, fora alguns membros, não todos, de minha família?
Talvez, daqui uns 100 mil anos, nem Elvis será lembrado.
PS - A propósito, quem é esse Aga Khan do qual Quintana fala? Diga sem olhar no Google.