O odor de café imanta o espaço aquecido pelo ar condicionado. Dá pra tirar boa parte da roupa usada na rua ali dentro e ficar mais leve e à vontade. Conversar sobre a vida, encontrar-se com amigos, familiares ou ficar sozinho, na sua, lendo um livro, um jornal ou um celular, assistindo jogo do Fluminense. "Tudo vale a pena, se a alma não é pequena".
A cafeteria e o inverno se dão bem, são primos-irmãos; o frio e o calor do café são complementares, poderiam até mesmo namorar. Vamos na cafeteria, sobretudo, pelo café, claro. A bebida negra é a atração gastronômica principal. Ir numa cafeteria e não tomar café é como ir à Charqueadas e não ver o rio Jacuí. Entretanto, a cafeteria guarda outros encantos, não apenas gastronômicos. Interagir socialmente é viver.
Ver as pessoas, observá-las. Gente é legal, gente é bonita. Pelo menos na cafeteria isso é verdade, pois ninguém sai de casa no inverno para ir incomodar ou destilar mau humor numa cafeteria. Encher o saco só é possível no verão, com ar quente, pois ar frio não dá sustentação ao saco cheio. As cabeças ocas e cheias de vento ficam pesadas e, por isso, permanecem em casa no inverno.
Já os cérebros de bom coração correm atrás da cafeína pra estimular um e aquecer o outro. O inverno é pensamento e solidariedade; o verão, sentimento e luxúria. Café estimula o cérebro e ativa o pensamento. A cafeteria é, portanto, uma biblioteca ou livraria líquida que, no inverno, estação mais propícia, fica mais convidativa.
Já tomou seu pretinho hoje?
Uma boa semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, bebam café, vivam e fiquem com Deus.