O maestro e compositor nascido na Itália Antonio Salieri (acima, de preto) nasceu em 18 agosto de 1750 e faleceu em 7 de maio de 1825, em Viena, Áustria. Esse 2025 marca, então, os 275 anos de seu nascimento e os 200 de sua morte. Viveu muito para a sua época, mais que o dobro, por exemplo, de seu genial contemporâneo Amadeus Mozart (acima, de vermelho), o pequeno, irreverente, excêntrico, temperamental, boca-suja e frágil austríaco morto aos 35 (1756 - 1791).
E o famoso e oscarizado filme Amadeus (1984), de Milos Forman, sobre a vida de Mozart, compra a lenda de que Saliere matou Mozart envenenado, por ciúme. Se non è vero, è ben trovato, tudo pra se ganhar público (antigamente), como likes (atualmente). No filme, Salieri era virjão, enquanto na vida real, casou e teve oito filhos. Até a suposta luxúria de Mozart, acentuada na telona, é controversa. Mesmo assim, pegou a lenda infundada e mentirosa. Saliere deu aula para um dos filhos de Mozart, a pedido da viúva, e utilizou obras do "rival" em apresentações na corte. Pra vocês verem como são as lendas em comparação com o que foi a realidade. Aliás, Salieri foi também professor de Liszt, Schubert, Meyerbeer e Beethoven. Mas sim, o austríaco sempre foi uma pessoa um pouco paranoica, o que deu certa base aos boatos, além da suposta "confissão" de Salieri quando já estava alienado da razão, bem ao final da vida.
Salieri era talentoso e obteve sucesso e prestígio em sua longeva vida. Por 50 anos foi o Compositor da Corte e Maestro da Orquestra Imperial, na Áustria, um feito e tanto. Como Viena era a capital da música na Europa, podemos dizer que foi o mais poderoso e bem sucedido músico de seu tempo. Logo, se alguém devesse ter inveja de alguém, era Mozart e todo o resto de Salieri. Claro, também é verdade que Mozart eclipsou a todos com sua genialidade divina, mesmo tendo morrido pobre e Salieri rico, embora esse tenha passando seus últimos anos num manicômio. Entretanto, daí pra essa história de ciúme e envenenamento, vai uma distância como a de Brasília de Belém do Pará, como na canção. Ou, mais propriamente ao caso, a distância entre Roma e Viena.
A especialidade de Salieri era a ópera, compos cerca de quarenta para a corte. Todavia, se a vida sorriu abertamente pra Saleiri, a posteridade elevou Mozart, cujas obras entraram pra História da Música e são até hoje celebradas e escutadas - Salieri possui, nesse quesito, uma placa comemorativa em Viena (abaixo).
Eis a verdade. O envenenamento, por sua vez, é uma lenda, assim como a balela de que a sobrenatural capacidade técnica do virtuoso violinista italiano Niccolò Paganini (1798 - 1840), contemporâneo de ambos e autor do famoso e antológico Capricho nº 24, era fruto de um pacto com o Diabo. Durma-se com uma ópera bufa dessas, aliás, bufa bem ao gosto de Mozart.
Uma boa semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, escutem Salieri, Mozart e Paganini (vídeos abaixo), vivam e fiquem com Deus.
Vídeos YouTube:
Salieri: 26 Variações sobre La Folia di Spagna (Goebel)
Mozart: Ária Rainha da Noite, da ópera A Flauta Mágica