Como dizem, não há o que não haja. Não que seja algo de outro mundo e que cause demasiada surpresa, mas sim, além da depredação e roubo, os jazigos do Cemitério Júlio Rosa, em Charqueadas, viraram quarto de motel. Insólito.
Hoje falava com uma amiga charqueadense e ela me contava sobre a situação do jazigo coberto onde está o túmulo de sua avó paterna e de outros familiares, cuja porta foi arrombada com a finalidade de servir de abrigo para encontros sexuais.
- É mesmo? Que barbaridade!
- Quando vou lá, tiro de pazinha camisinhas, baganas de cigarro, de maconha e long necks de Heineken.
- Heineken?
- Sim.
- Dão um nó nas camisinhas depois de usarem?
- Não. Porque tá perguntando?
- Porque nas vezes que invadiram a biblioteca municipal pra isso, tiveram o cuidado de dar um nó.
- Não, os que usam o jazigo da vó são uns porcos relaxados. Não sei como fazem isso? Não tem medo que uma alma penada os assombre?
Uma terceira pessoa que ouvia nossa conversa, interveio, gaiato:
- Vai os espíritos até curtem o lance, é algo diferente, né? Eh eh eh eh.
- É, devem curtir, mesmo, até porque não são eles que limpam a sujeira, sou eu.
- Tu já reclamou?
- Adianta reclamar?
- Pois é...
A gente morre e não vê tudo. Nem dez por dento. Até depois de morto a gente vê! Os caras e as minas transarem em cima do túmulo. Tem de ser cara de pau pra transar no cemitério. Aliás, cara de pedra: granito e mármore. Cemitério Júlio Rosa, mas o podemos chamar também Motel Júlio Rosa. Popular e gratuito. O dinheiro pode faltar, mas não vai parar o tesão, por mais mórbido que seja.
Um bom final de semana parar todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam e fiquem com Deus.