João Adolfo Guerreiro
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Textos

Há exatos 213 anos, Napoleão invadia a Rússia

 

Era noite de São João e lá se foi Napoleão com mais de meio milhão, uma tropa composta por soldados multinacionais, saindo da Polônia, para entrar pela hoje Ucrânia e invadir o Império Russo governado por Alexandre I, em 1812, durante o verão europeu. Quase que exatamente 129 anos anos mais tarde, em 22 de junho de 1941, um ditador alemão faria exatamente a mesma coisa, com três milhões de soldados, e igualmente quebraria a cara - mas essa é outra história.

 

Napoleão levou a fogueira aos russos, enquanto esses o mandaram embora antes que o Natal chegasse, coberto de gelo, até 14 de dezembro do mesmo ano. Assim como os alemães, mais de um século depois, os franceses morreriam congelados, entretanto não foram vítimas do General Inverno Russo, tão somente, mas sim da capacidade tática e estratégica do Exército Russo em seu território, totalmente adaptada a sua geografia e clima, tanto o czarista quanto o soviético. De fato, o povo russo é tinhoso em seu nacionalismo e sentimento pátrio, seja em que período for.

 

Ao contrário de seu sucessor de empreitada, Napoleão conseguiu chegar até Moscou e entrar na cidade, em 12 de setembro de 1812. Contudo, os russos a evacuaram e queimaram, em mais um ato de sua estratégia de terra arrasada, não deixando nada para o grande Exército Francês se abastecer. Napoleão ficou seis semanas em Moscou e, ao se retirar, com a chegada do inverno, o Exército Russo começou a fustigá-lo incansavelmente, junto com a fome, a doença e o frio, tudo junto e tétrica e miseravelmente misturado. Uns dizem vinte mil, outros dizem quarenta ou mesmo cinquenta, mas o fato é que menos de 10% do exército francês voltou da Rússia para ver a família no Natal. Foi o começo do fim para o Napoleão imperador, que em menos de dois anos já estaria exilado na Ilha de Santa Helena, sua derradeira morada, como vocês podem ler em meu texto do dia 18 passado, Waterloo: 210 anos da derrota de Napoleão.

 

Durante a invasão napoleônica ocorreram muitas batalhas, mas a mais conhecida delas foi a de Borodino, em 7 de setembro de 1812, quando o Exército Russo resolveu que era hora de encarar de frente os franceses, estando esses há 100 quilômetros de Moscou, naquela que se tornou a maior batalha travada em um único dia durante as Guerras Napoleônicas (a maior de todas, entretanto, foi a Batalha de Leipzig, em 1813). Os russos lutaram como nunca, mas perderam como sempre. Entretanto, tem um detalhe: Napoleão venceu, mas foi uma Vitória de Pirro, ou seja, seu custo foi tão elevado que acabou por se tornar uma derrota: o Exército Francês não tinha como repor suas pesadas baixas - os russos lutaram como nunca -, enquanto que o russo sim, e isso definiu o desfecho da campanha. Depois disso, como disse acima, quando o inverno chegou, os russos foram comendo os franceses em retirada pelas beiradas, enquanto esses comiam seus próprios cavalos pra não morrerem de fome, como o General Kutuzov, comandante russo, prometeu ao czar que faria com eles, e cumpriu.

 

E foi assim que Napoleão começou a perder as Guerras Napoleônicas. O ditador alemão achou, 129 anos depois, que era mais experto que o corso, só que não: além de não entrar em Moscou ou Stalingrado, a contraofensiva soviética só parou em Berlim, dentro do bunker dele. Napoleão se saiu bem melhor, caiu de pé e foi sentar em seu trono em Paris pra cuidar das feridas e do orgulho ferido.

 

Moral da história: não se metam com os russos!

 

Atualidade deste texto: será que os europeus ainda não se deram por vencidos? A Ucrânia nos dirá...

 

 

Imagem: pintura em óleo sobre tela do alemão Adolph Northen (1828 - 1876).

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 24/06/2025
Alterado em 24/06/2025
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