João Adolfo Guerreiro
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Textos

Tu acamparias na bela Buraco Assassino?

 

Olhando assim, Buraco Assassino (Murder Hole Beach) parece uma Torres aditivada ou ampliada, vista do Morro da Guarita, não é mesmo? Mas não, pois é uma praia situada em Rosguill, uma península localizada na costa norte do Condado de Donegal, no noroeste de Ulster, a província do norte da Irlanda. Não é uma praia própria para banho e, ainda hoje, possui um acesso difícil. O tétrico nome advém, justamente, do perigo que suas correntezas oferecem aos humanos.


Buenas, tu eu não sei, mas o espanhol Carlos Viejo, um hombre diferenciado e viajado que em suas andanças esteve na Irlanda, mesmo ante tanta adversidade, acampou na bela Buraco Assassino, lá pelos idos de 1700 e começo do mundo...

 

Não só acampou, como levou uma irlandesa descendente de escoceses chamada Mary para curtir lá com ele e, enamorados pela inspiração bucólica do local, transaram e "engravidaram". Devido ao "problema" - que mais tarde receberia o nome de Antônio Stuart Viejo -, para escapar da sanha dos puritanos parentes católicos de Mary, fugiram para os Açores, onde se casaram e ele aportuguesou seu sobrenome para Velho, a fim de facilitar as coisas com os lusitanos das ilhas do Atlântico.

 

Carlos Velho era um cara cabra-macho, bagual, macanudo, galo cinza e desbravador, enquanto Mary era da pá-virada e ousada; logo, deram-se muitíssimo bem pelo resto de suas vidas, reproduzindo e formando família. Tempos depois, pela década de 1850, seus descendentes açorianos, já irremediavelmente portugas, vieram para o Brasil, estabelecendo-se nas praias da atual Mostardas, no Rio Grande do Sul, onde se amariam e se multiplicariam, dando origem aos Velho, aos Lemos e aos Guerreiro.

Passou o século e um casal de irmãos Velho visitavam Torres no final dos 1800 e, lá chegando, tiveram a impressão de já conhecerem o local. Atavismo, obviamente: era o espírito de Carlos e Mary em Buraco Assassino impregnado em seu DNA. Conheceram um casal de irmãos Raupp por lá, gostaram da alemoada e os trouxeram para Mostardas, casando-se, amando-se e se multiplicando. Assim, a família manteve a tradição de uma cruza estrangeira para fortalecer a genética de sua descendência. Os Velho são, assim, um amálgama biológico e cultural de diferentes nacionalidades, europeias e brasileiras - sim, indígenas e africanos também entraram na mistura, mas essa é outra história cheia de detalhes a merecer um texto exclusivo.

 

E pensar que tudo começou com o intrépido Carlos, nos 1700, desbravando Buraco Assassino e Mary Stuart, conforme contou a tia-avó Nair ao seu afilhado, mostrando a árvore genealógica da família...

 

Um bom final de semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam e fiquem com Deus.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 06/06/2025
Alterado em 06/06/2025
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