João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Clube do Livro em Santo Amaro

 

Em uma atividade extra - que o grupo chama de "desafio", por ser tratar de uma leitura para além do livro do mês - o Clube do Livro de Charqueadas esteve no Centro de Atendimento ao Turista (CAT) de Santo Amaro, em General Câmara, no sábado,, dia 26. O objetivo foi debater o livro Alma Açoriana, de Eron Vaz Ferreira (Balneário Pinhal: Tecno Arte, 2020).

 

Pela manhã, nas dependências do CAT, ocorreu o debate. Alma Açoriana, em formato de romance histórico, traz a história de uma família açoriana residente em Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel, no Arquipélago dos Açores, do ano de 1746 à 1832, relatando sua migração para o Brasil em 1747, sua chegada em Santa Catarina e seu estabelecimento em Viamão. Muito sofrimento e trabalho desde a viagem, no que se percebe que os açorianos tiveram o mesmo tipo de dificuldades encontradas, por exemplo, pelos imigrantes alemães e italianos mais tarde, mesmo sendo portugueses, ou seja, tanto a Coroa Portuguesa quanto o Império Brasileiro sempre prometeram muito mais do que cumpriram, fosse qual fosse a nacionalidade dos imigrantes. Uma outra simetria: assim como ocorreria com italianos e alemães, a migração para o Brasil se deveu a total falta de perspectivas econômicas em sua terra natal, assolada por grave crise e devastada pela miséria.

 

Já estabelecidos no Rio Grande do Sul, os açorianos tomaram contato com a escravidão africana (essa, por sua vez, causando dor e sofrimento sem paralelo possível), chamando a atenção destes o fato de até os padres serem proprietários de escravos. Durante o debate de Alma Açoriana os presentes constataram a multiplicidade da composição de suas próprias famílias, que vão desde africana, açoriana e portuguesa, até alemã, italiana, espanhola, francesa, polonesa e irlandesa. O Brasil é, de fato, um amálgama de múltiplas nacionalidades. Uma relação que se faz do livro em relação à Santo Amaro, é que a localidade é de 1752 - vinte anos mais antiga que Porto Alegre -, mesma época da chegada da família retratada à Viamão.

 

Após almoço no restaurante Beira Rio, ante à bela e privilegiada vista do rio Jacuí, a funcionária Anajara Silva (de camiseta azul, na foto acima) acompanhou os membros do Clube do Livro pelo Caminho Açoriano, um roteiro que, partindo do CAT (prédio de 1820) e seu acervo relativo à história local e açoriana, visita locais importantes da Vila Histórica de Santo Amaro, como a Igreja de Santo Amaro (1787) e o Hotel (1882), além de muitas residências datadas dos séculos XVIII e XIX.

 

Ao final, Anajara presenteou o Clube com um exemplar do belo livro O Patrimônio da Fé: Santo Amato do Sul, de Angelita da Rosa e Marcelo Mallmann (Venâncio Aires: Traço, 2011), ricamente ilustrado. A obra será doada pelo Clube do Livro à Biblioteca Vera Gauss, passando a compor seu acervo de pesquisa. Da parte do Clube, a escritora, professora e doutora Cláudia Gelb, mestre em Literatura Açoriana, entregou para o acervo do CAT publicações que obteve na Ilha Terceira, nos Açores, em viagem de pesquisa para sua dissertação de mestrado.

 

O "desafio" em Santo Amaro foi a última atividade a marcar os dois anos do Clube do Livro, agora em abril. O Clube foi criado pela iniciativa da professora Maria Inês Borne e da bibliotecária Carina Pahim, que estiveram presentes em Santo Amaro.

 

Uma boa semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam e fiquem com Deus.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 27/04/2025
Alterado em 28/04/2025
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