João Adolfo Guerreiro
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Textos

Os 570 anos da Bíblia de Gutenberg

 

Livros existem, de um jeito ou de outro, desde os tempos do Ariri Pistola, com o advento da escrita, manuscritos. Mas as bíblias de Gutenberg foram outros 500 que, em três décadas, já serão outros 600. Tu acha por aí desde que ela (imagem acima) foi concluída em 23 de fevereiro de 1455 ou que foi iniciada na mesma data em 1450 e levou cinco anos pra ser impressa. Só acadêmico específico da área pra afirmar ou relativizar peremptoriamente sobre isso, o que não é o meu caso e tampouco objetivo desta despretenciosa crônica.

 

O fato mais consensual que se encontra é que "em março de 1455, o futuro Papa Pio II escreveu que tinha visto páginas da Bíblia de Gutenberg sendo exibidas para promover a edição, em Frankfurt". E o fato histórico cabal é que foi o primeiro livro impresso na revolucionária prensa metálica com tipos móveis (*1), que permitia a reprodução rápida e em grande quantidade (*2). Sem ela, por exemplo, teria sido possível a Reforma Protestante de Lutero? Johannes Gutemberg, 1400 (*3) - 1468, a imprimiu em sua cidade natal de nome esquisitão, Mogúncia, na Alemanha. Também não é intenção aqui aprofundar sobre a prensa de Gutenberg, só digo que a coisa não era simples, envolvia muita tecnologia que ia desde a pesquisa do metal para fazer os tipos móveis até a da tinta a ser utilizada, um feito e tanto para a época: original, inovador e revolucionário.

 

O site da BBC News Brasil, o qual decidi usar como referência para esta crônica, informa: "A escrita, produzida a partir de uma tradução latina conhecida como 'Vulgata', feita por São Jerônimo no século 4, era feita com uma tinta preta nítida em dois densos blocos de texto. Letras maiúsculas e títulos eram decoradas à mão com um toque de tinta vermelha. Cada uma das 1.282 páginas possui 42 linhas. A maioria das Bíblias estava encadernada em pele de porco branca e dividida em vários volumes". E vejam que, desde aquela época, os chineses já estavam na parada: "A prensa de Gutenberg não poderia ter sido um sucesso econômico sem o papel, que foi originalmente inventado na China e depois se espalhou rumo ao oeste, pelo mundo muçulmano".

 

Entretanto, não pensem também que a coisa iniciou como já está hoje, com milhares e milhares de exemplares na livraria: "Estima-se que a prensa de Gutenberg tenha criado 180 cópias da Bíblia: 135 em papel e 45 em pergaminho". Imagina? Hoje, nós aqui, do Clube do Livro de Charqueadas, estamos pra lançar, 570 anos depois, um livro de contos (*4) com 360 cópias! Entretanto, EUA e Europa igualmente já eram donos do mundo e ficaram com as cópias que restaram: "Segundo a Biblioteca Britânica, atualmente existem 48 cópias da Bíblia de Gutenberg, embora nem todas estejam completas - algumas são apenas fragmentos. A cópia em exposição na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos é um exemplar completo em pergaminho e uma das três cópias perfeitas feitas neste material no mundo. Os outros estão na Bibliothèque Nationale, em Paris, e na Biblioteca Britânica, em Londres."

 

O que desejei marcar foi que neste 2025 estamos ainda sob a vigência desta revolucionária invenção que começou pela impressão da Bíblia. Os livros impressos estão perdendo espaço para os digitais - a revolução de nosso tempo, do final do século XX e início do XXI -, que mesmo o papel dos chineses está pra quase aposentar. Todavia, daqui trinta anos, na efeméride redonda de 600 anos dos livros impressos, eles ainda estarão nas livrarias - quem viver, verá. Creio inclusive que jamais sumirão delas, assim como o milenar teatro sobrevive ao vídeo em suas mais variadas mídias, mas isso é reflexão para outro texto.

 

Uma boa semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam, leiam livros e fiquem com Deus.

 

Notas:

*1 - Em 1040 um chinês (olha eles aí de novo) já teria utilizado uma prensa parecida, com tipos móveis, mas longe de todo o alcance tecnológico obtido por Gutenberg.

*2 - Livros já eram impressos de forma rudimentar, demoradamente e em pouca quantidade, através de placas de madeira ou pedra manchadas com tinta, lá na (adivinhem) China. Dizem que os chineses só não inventaram a prensa móvel porque sua escrita, ao contrário da europeia, era formada por milhares de símbolos, em vez de um alfabeto com poucas letras. Logo, pra eles, não seria vantagem.

*3 - Não se sabe ao certo sobre a infância e nascimento de Gutenberg. Especula-se, inclusive, que tenha nascido em 1397.

*4 - Com lançamento previsto para o início do inverno, reunirá 13 escritores e escritoras charqueadenses e se chamará Conteiros de Charqueadas. Mais novidades sobre em breve.

 

 

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 24/02/2025
Alterado em 24/02/2025
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