João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Textos

O Casarão da Colônia

 

Eu e o Gó

brincávamos no Casarão

onde os mais velhos da Colônia

nos diziam haver

grilhões para escravos no porão

 

Era mentira, claro,

mas a gente acreditava

e subia no sótão bamba

e descia para o porão

do velho Solar dos Barcellos

 

Depois ficamos espertos

sacamos a lorota dos velhos

Nossa vingança

foi a morte os levar

e irmos no velório deles

 

Enganaram sobre a antiga sede da Meridional

depois sorrimos ao vê-los nos caixões

enterrados no cemitério da Colônia

que hoje está abandonado e cheio de mato

(ossos esquecidos e tumbas sem retrato)

 

Ah, me deu uma saudade do Gó

das nossas meninices e crendices

e também dos velhos lá da Colônia

que perdiam o seu tempo troçando da gente

Ah, doces velhos, queridos velhos, tão sapientes

 

Sabiam da generosidade da vida

muito mais do que eu hoje sei

e enobreciam seu pouco e precioso tempo

atiçando a imaginação da criança que fui

 

Hoje tenho minha neta

e minto adoidado pra ela

para que a magia da vida lhe sorria

como nos sorriam as doces mentiras

dos queridos velhos lá da Colônia

sobre as correntes do Casarão

 

 

PS - O Solar dos Barcellos, propriedade do senador, médico e charqueador Ramiro Fortes de Barcellos (1851 - 1916), foi sede de sua charqueada Meridional, situada onde hoje é o bairro Colônia Penal, em Charqueadas. O Casarão, como o chamávamos, ou o Casarão da Colônia, como era conhecido em Charqueadas, foi demolido na década de 1980.

 

 

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 26/01/2025
Alterado em 04/02/2025
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