João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Nossa bandeira não é vermelha

 

Hoje a extrema-direita nos EUA, no Brasil e no mundo está em justo regozijo pela volta do controverso e polêmico ex-presidente Trump ao cargo. Diria até exultantes e esperançosos, e com certa razão. Uma festa para os denominados neofascistas do mundo, amparados numa pauta de costumes que reúne conservadorismo fanático religioso e ultra-neoliberalismo com apoio das contemporâneas big techs da internet e seus donos bilionários.

 

Agora, por aqui, na pátria tricolor azul, verde e amarela, alguns parecem comemorar a data como se fosse a posse de nosso presidente. Lembram os comunistas de antanho vibrando pelo líder soviético russo Stálin, alguns inclusive igualmente se fantasiando de vermelho, a cor predominante da URSS e do Partido Republicano, de Trump. Para esses, repito, em caixa alta, um "brado retumbante" deles mesmos: NOSSA BANDEIRA NÃO É VERMELHA! Até já foi, no tempo do Brasil Império, mas eram outros tempos, como cantou o Alberto André. O pavilhão que hoje brilha ao sol ante nosso céu azul é outro, sem o encarnado.

 

É só olhar a imagem acima: por acaso é esse o "lindo pendão da esperança", o nosso "símbolo augusto da paz"? Não! Nada contra a big country do rock e do blues, do Movimento Hippie, da Contracultura, do Partido Democrata, da grande democracia da América do Norte há muito justificadamente enaltecida pelo pensador político francês Alexis de Tocqueville (1805 - 1859), onde aconteceu a Guerra da Secessão (1861 - 1865) - que dividiu o país contra a escravidão - e terra do pastor batista Martin Luther King, nação que é importante parceira comercial do nosso Brasil. Mas daí pra se fantasiar com a bandeira estadunidense, como a atual presidenta da Câmara de Vereadores de Porto Alegre recentemente fez, já é demais. Até porque a nossa tricolor, na minha opinião, é mais bonita que a bicolor gringa. E, mesmo assim, já tivemos até presidente batendo continência pra bandeira dos caras! Imagina? É muito puxa-saquismo, vassalagem e Complexo de Vira-latas rodrigueano. Menos, bem menos, bah, mas muito menos mesmo.

 

Não bastasse isso, temos de levar em conta que o "sonho americano" vai ter um duro fim para inúmeros de nossos compatriotas que para lá emigraram em busca de uma vida melhor: milhões de brasileiros estão entre aqueles que, pelas declaração do presidente que toma posse, serão mandados embora dos EUA - já li que seriam prováveis 2 milhões de brazucas dentre um total de 10 milhões de estrangeiros. E vejam que, dizem as pesquisas de opinião por lá, mais da metade dos estadunidenses apoia isso. Diria mais: até foi por a população priorizar esse tipo de agenda que Trump voltou, pois, se pegarmos os números negativos de seu último ano de governo e compararmos com os positivos de Biden, com certeza não foi pela economia que os republicanos voltaram pra Casa Branca.

 

Então, menos euforia vermelha e azul, caros "patriotas". Nossa democracia não é um quintal estadunidense, russo, chinês ou europeu. "Soy latino-americano E nunca me engano", como na canção. Temos, isso sim, "hermanos" de fé e de história aqui no Hemisfério Sul, enquanto os demais são friends pelo mundo. Até porque, se os estadunidenses se intitulam como "americanos", o que sobra pra nós é sermos "latinos", que, inclusive, é como somos por lá nominados, incluídos no mesmo saco a ser deportado.

 

E por último, e falando em democracia, especificamente para os que querem "anistia" pela tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023: nossa soberania é inquestionável e nossa Justiça é independente na defesa de nosso Estado Democrático de Direito. Não é porque Trump volta nos EUA que o perdão virá por aqui. Aqui é Brasil e a Lei que conta é a nossa, azul, verde e amarela, não a vermelha republicana. Quiseram imitar os estadunidenses por aqui? Se deram mal e continuarão se dando, sendo responsabilizados nas esferas judiciais, embora com todo o direito a ampla defesa que não dariam à suas vítimas, se tivessem sido bem sucedidos como golpistas.

 

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 20/01/2025
Alterado em 20/01/2025
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