Quando falou pra sua irmã ano passado que faria um show em 11 de janeiro de 2025, num sábado, no Auditório Araújo Vianna, ela disse: "Mas tu é burro mesmo, Humberto! Em janeiro todo mundo sai de Porto Alegre pra praia, ninguém vai no teu show." Só que não.
Pois então, não só lotou já no início de dezembro a primeira data, como tiveram que programar uma segunda, para o dia 12, domingo, que também superlotou: venderam ingressos a 150 pilas em pé, para as laterais do auditório. Não sobrou nenhum! Era muita vontade de rever o ex-líder da saudosa banda de rock Engenheiros do Hawaii. Não sabe de nada a irmã do Humberto Gessinger, inocente. Tanto que não teve só 1berto, mas sim 2berto no findi (eh eh eh eh, não resisti, desculpa).
Às 20h20min começou o show no domingo. Não lembro a canção que abriu, mas sim que o pessoal levantou. O pessoal não, as minas, claro. São sempre elas que levantam e os caras vão atrás. Só que o formato acústico não empolga muito né, e dali há pouco só tinha uma de pé, com o cara sentado logo atrás dela pedindo pra ela sentar que ele desejava ver o show, este baseado nos acústicos do Engenheiros do Hawaii: o MTV, de 2004, e Novos horizontes, de 2007 - um ano antes da banda terminar.
A segunda canção da noite foi a ótima Até o Fim, de Dançando no Campo Minado (2003). Nela, 1berto errou com estilo e profissionalismo: bem no início, no primeiro verso da canção, iniciou com um Sol maior e, em vez de ir pro Mi menor, o segundo acorde, foi direto pro Si menor, o terceiro. Como o telão estava em close nele, deu pra ver direitinho. Só que o cara é tão fera que, já percebendo que foi pro acorde errado, nem bateu no violão, continuou até chegar no quarto, Ré maior, e só então, seguiu tocando. Mazááááá´galo!
Gessinger se revezou tocando durante a apresentação, pela ordem: violão, gaita de boca, bandolim, viola caipira, teclado e contrabaixo, já no bis, executando as icônicas linhas de baixo de Infinita Highway. O cara é fera, já disse. Inclusive, igualmente o são os músicos que o acompanharam no palco: violonista solo, acordeonista, baterista e baixista - um tecladista tocou em apenas uma canção. Muitos da longa lista de hits do Engenheiros, como seria de se esperar, faltaram, como Segurança, Longe Demais das Capitais, Sopa de Letrinhas, A Revolta dos Dândis, Números, Ouça o que Eu Digo não Ouça Ninguém, Tribos e Tribunais, Herdeiro da Pampa Pobre, Ninguém = Ninguém, Realidade Virtual, O Exército de um Homem Só, Alívio Imediato, Muros e Grades e, dentre outras mais, Terra de Gigantes. Essa ausência no set list surpreendeu, pois 1berto deu uma canja no show do Cidadão Quem no mesmo Araújo Vianna, em 14 de novembro do ano passado, e a tocou, junto com Duca Leindecker. Aliás, os dois, anos atrás, tiveram um projeto junto chamado Pouca Vogal, referindo-se aos seus sobrenomes alemães. Na soma, dá goleada: consoantes 12 X 7 vogal, parece placar de Grenal. Ah, Humberto é, obviamente, gremista.
Lá pelo meio do show, Gessinger (6x3 pras consoantes, placar de Grenal, também) lembrou que o show marca os 40 anos do início do Engenheiros do Hawaii, numa apresentação em 11 de janeiro de 1985 na Faculdade de Arquitetura da UFRGS, quando tinha 21 anos. "Foi literalmente a primeira vez que eu toquei para mais de uma pessoa, isso se podemos considerar o espelho da casa como pessoa", brincou, provocando risadas na plateia. E, se faltaram algumas canções, estiveram outras, além das já citadas acima: Piano Bar, Refrão de Bolero, Somos Quem Podemos Ser, Pra Ser Sincero, Dom Quixote, O Papa É Pop, Toda Forma de Poder, 3ª do Plural, Simples de Coração e Era um Garoto que como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones, que levantou novamente a mulherada (e os caras a reboque), perto do final. Rolaram mais canções, claro, mas destacaria essas.
No saldo, um grande final de semana e um ótimo domingo de Hawaii em PoA. Valeu, Gessinger, tu foi 10berto! Eh eh eh eh, não resisti de novo.
Uma boa semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam e fiquem com Deus.