joão guerreiro
de souza, o da rua
dos dois flamboiãs
Hoje, 3 de janeiro - data em que minha mãe faria 81 anos -, encerro esta série, iniciada em 2 de dezembro, que homenageou a cor e a beleza singular dos flamboyants de Charqueadas, que exuberaram com todo o vigor em dezembro, mês em que essa imagem foi registrada. Espero que tenham gostado e sentido, ao ler e ver, prazer semelhante ao meu ao procurar, fotografar e escrever sobre essas árvores maravilhosas. Esses acima ficam na rua que homenageia o pai e avô dos ex-prefeitos José Manoel e Simon, o meu quase 100% xará Joao Guerreiro de Souza, visto que meu nome completo é Joao Adolfo de Souza Guerreiro.
Nas ruas, sua repercussão foi boa: além das pessoas que parabenizam a série, tivemos os que indicaram locais onde frondosos flamboyants estão (como estes, aliás, indicados por Gilmar Oliveira, que ontem fez 61 anos) e, até mesmo, proprietários que ofereceram os que possuem em suas residências para serem registrados. Foi o espírito do Natal ressaltado pelo flamejante das árvores rubras!
Atualmente com o nome científico de Delonix Régia (já foi Poinciana Régia), ela é originária da ilha africana de Madagascar, de onde se espalhou para o mundo. Conhecida popularmente por flamboyant, nome de origem francesa que significa flamejante, também é chamada de acácia-rubra, arvore-flamejante, flor-do-paraíso, flamboiã, flamboaiã ou flamboião. Inicia o florescimento em setembro, mas o consolida e exubera em dezembro, podendo apresentar uma variação de cores como o vermelhão (a mais comum), alaranjado ou salmão-amarelado (essa não vi por aqui).
Para esta série preferimos, em vez da crônica comum a esta coluna literária, utilizar o Haikai, forma poética japonesa concisa e simples, específica para temas da natureza, como as estações do ano. Sempre no tempo presente (expressa o momento), o haikai é descritivo, sem título, letras maiúsculas, metáforas e participação ativa do autor no texto, ou seja, são poeminhas bem despojados, embora, na sua forma mais elevada (*), rico em significado. Simples, mas não simplório, enganando os desavisados que, numa primeira lida, ignorem suas complexidades e o achem fácil de escrever. Via de regra, no Brasil, apresenta a estrutura de uma estrofe com três versos, no esquema silábico de 5 no primeiro verso, 7 no segundo e 5 no terceiro. Claro, tem mais teoria sobre, como os diferentes tipos, o teikei, o corte, o kigo e, no Brasil, a maneira como é feita a contagem das sílabas poéticas, é só pesquisar a respeito pra se aprofundar. Nesta série, adaptei o haikai à minha intenção literária específica.
"É nas simples coisas da natureza que sentimos a presença de Deus e a felicidade brota naturalmente" - Lourdes Lindner.
"Um gênero difícil pela concisão. [Matsuo] Bashô [1644 - 1694] era um mestre! Dizem que no Japão levava-se até cinco anos pra construir um Feliz Natal" - J Estanislau Filho.
(*)- Em sua forma mais elevada aqui no Brasil, cito os saudosos Millôr Fernandes e o poeta curitibano Paulo Leminski.
Um ótimo primeiro final de semana de 2025 para todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam e fiquem com Deus.