João Adolfo Guerreiro
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Fim da escala 6x1, pauta viva da sociedade brasileira

 

Hoje acontece em Charqueadas, a partir das 14 horas, ato público apoiando o fim da escala 6x1 (vide matéria sobre no Jornal Portal de Notícias), conforme PEC proposta pela deputada Érika Hilton (PSol - SP) na Câmara dos Deputados, que foi subscrita por um número de parlamentares maior do que o necessário para a tramitação naquela casa legislativa. Dada a crise da empregabilidade agudizada pelo desemprego estrutural tecnológico, oriundo dos efeitos da revolução digital sobre o mercado de trabalho em âmbito mundial, esse debate se apresenta como vital e oportuno à sociedade brasileira.

 

O projeto de Hilton reduz de 44 para 36 as horas semanais trabalhadas no pais. Levando-se em conta outros países do G20, nenhuma novidade, já que Canadá e Alemanha possuem jornadas de trabalho de 32 horas e Alemanha de 34, que geram escalas de 4x3, enquanto a mudança brasileira resultaria numa escala de 5x2. Essa última, por exemplo, é a jornada que os bancos utilizam. Muito apropriadamente, o ex-funcionário do Banco do Brasil Sérgio Oliveira comentou: "Nos meus últimos dezesseis anos de trabalho, laborei na escala 5x2, graças ao projeto do deputado federal gaúcho Floriceno Paixão, do antigo PTB, depois do PDT, que criou o sábado bancário. Seguidamente criticam que os bancos têm altos lucros. Seriam maiores, os lucros, se trabalhassem 6x1?" Pertinente sua observação, calcada na realidade prática.

 

Por outro lado, a redução da jornada de trabalho será, inevitavelmente, no futuro, uma das saídas para a empregabilidade, ao gerar mais vagas de trabalho na economia onde o processo produtivo será por demais desidratado pela inclusão cada vez maior das novas tecnologias no mesmo, excluindo a força de trabalho humana. Esse é um problema grave em todo o mundo, onde a redução já é uma medida utilizada, como vimos acima, além de tudo propiciando um maior tempo livre para as pessoas usufruírem e gozarem a vida. Quem pode ser contra isso?

 

Claro, tais medidas não serão implantadas da noite para o dia, serão feitas com critérios, estabelecidos pelo debate a ser feito no Congresso Nacional, levando em consideração a realidade de cada setor da economia e, dentro desses, do porte de cada empresa. Não podemos esquecer que várias medidas já foram implementadas antes na história e sofreram resistência, como o fim da escravidão, as férias de trinta dias, o décimo-terceiro salário, dentre outros, mas nenhum deles faliu o pais, pelo contrário, nos tornamos uma economia cada vez mais pujante.

 

CONTRA A ANISTIA - O ato também pede a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos generais envolvidos na tentativa de golpe, conforme indiciamentos recentes pela PF, juntamente com o arquivamento do Projeto de Lei de anistia aos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Não sei se misturar essas pautas é uma boa ideia, pois, se a mudança da escala atinge o interesse da maior parte da população, formada por assalariados públicos e privados, a prisão do ex-presidente divide, como vimos pelo resultado apertado das urnas em 2022. Logo, acredito que a pauta da prisão unifica a resistência dos contrários às 36 horas, dando-lhes fôlego e discurso.

 

Além disso, essa já é uma pauta moribunda, eis que o resultado das eleições de 2022 tirou a extrema-direita do poder em Brasília e a resistência das instituições, do Executivo, do Senado, da Câmara dos Deputados, do Judiciário, da imprensa e até mesmo (e principalmente) das Forças Armadas brecaram o golpe e defenderam a democracia. A questão do julgamento e possível prisão dos envolvidos, inclusive, já saiu da esfera policial para a da Justiça, onde seguirá os devidos ritos legais, independentemente da pressão popular. Não fosse pela tentativa de anistia, enfraquecida por acontecimentos recentes, seria uma pauta morta, ultrapassada.

 

A pauta viva, a das ruas e dos locais de trabalho, é o fim da escala 6x1, que beneficiará a maioria dos brasileiros, melhorando sua vida e protegendo-os dos efeitos perversos da futura exclusão econômica. Logo, bastante louvável a iniciativa dos organizadores do ato de hoje. Além da caminhada às 14 horas, saindo do Sindimetal, haverá concentração às 18 horas em frente ao Clube Tiradentes. 

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 10/12/2024
Alterado em 11/12/2024
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