A literatura no Rio Grande do Sul: coragem, ousadia e qualidade
Escrevi ontem que daria outra dica imperdível para a Feira do Livro de Porto Alegre e, então, lá vai: foi lançada no último domingo, dia 17, a História da literatura no Rio Grande do Sul, do conceituado professor e escritor Luís Augusto Fischer. Há 14 anos concebida e executada por Fischer com o auxílio de vários professores universitários, a ousada ideia veio a público num abrangente box com seis volumes pela editora Coragem, do charqueadense radicado em Porto Alegre Thomás Vieira (foto abaixo, na banca da editora).
"Fizemos 200 boxes e mais 100 com os volumes separados, para a venda avulsa. Foi o pix mais alto da editora até agora" - revelou Vieira. O box custa 450 reais à vista e, cada volume avulso, 80, disponíveis na banca 3, a da Coragem na Feira. Sim, há de se ter muita coragem para, em tempos de crise do impresso, bancar uma imponente edição dessas. O lançamento "foi tri legal, boa repercussão e sensação de fim de um grande projeto", acrescentou o editor.
Os seis volumes da História foram divididos nos seguintes recortes temporais: 1 - A constelação romântica: período formativo; 2 - O mundo moderno: as cidades na virada do século XIX; 3 - A Era Erico: anos 1930 a 1950; 4 - A ditadura: anos 1960 a 1980; 5 - Atualidade: depois de 1990; e 6 - Longas durações. A obra é calcada numa uma noção de literatura que, podemos ver na introdução de Fischer no volume 1, abrange "o que podemos chamar, mais amplamente, de 'as artes da palavra' - como a canção (incluindo o samba popular ligados ao carnaval), as histórias em quadrinhos, para nem falar na crônica e na literatura para crianças", para além dos "livros e somente os gêneros canônicos como romance, conto, poesia, teatro e algo do impreciso campo do ensaio", como se entendia a literatura até o tempo da II Guerra Mundial.
O investimento é relativamente alto, mas compensador, visto a qualidade, magnitude e importância do trabalho. A escritora charqueadense Amanda de Paula, aluna de Luís Augusto Fischer no curso de pós-graduação em literatura da UFRGS, o fez. Tive a oportunidade de, no dia anterior ao lançamento, estar com Amanda na Feira do Livro e assistir bate-papo de Fischer com Arthur de Faria sobre o livro deste, Lupicínio: uma biografia musical. Ao final, ela conseguiu um autógrafo (foto abaixo) em seu box de História da literatura no Rio Grande do Sul que, aliás, foi o segundo que Fischer revelou ter dado para a obra até aquele momento.
Pois amanhã é o último dia da 70ª Feira do Livro de Porto Alegre e feriado pelo Dia da Consciência Negra, logo, uma ótima oportunidade para visitar a banca da Coragem e conferir de perto esse ótimo lançamento, que estará disponível também nas livrarias e no site da editora.