Na, verdade, tricolor. Aliás, as duas principais o são. As três, sendo mais específico. Tá, tá, as quatro são. Todavia, a principal dentre as quatro principais é vermelha: a bandeira de Charqueadas, eis que aqui nasci e aqui vivo, charqueadense! Vermelha, preta e amarela, a linda. A D O R O -a. Ainda mais que possui uns detalhes em azul no brasão.
O vermelho da bandeira representa o aço liquefeito, a metalurgia, e é a cor mais viva e a que mais salta aos olhos no manto pátrio charqueadense, como podem ver na foto acima. O amarelo é a eletricidade (havia uma usina na cidade), o preto o carvão (das minas) e o azul o Grêmio, o maior time sob o céu azul. Tá, não é, mas que bom se fosse. O azul é o céu e a água. Quem a criou foi a saudosa Tânia Ferreira, vencedora do concurso para tal em 22 de agosto de 1983, um ano após a emancipação. Logo, então, MINHA BANDEIRA É VERMELHA!
Como escrevi no primeiro parágrafo, minhas duas principais bandeiras são vermelhas, pois, se sou charqueadense, também sou gaúcho. Já andei por boa parte deste Estado e me sinto acolhido por sua gente e sua geografia. E a nossa bandeira foi criada entre 1833 e 1835 (em Buenos Aires e por um italiano!) por Tito Livio Zambeccari, que veio lutar com os Farrapos, sendo preso na Batalha da Ilha do Fanfa, aqui perto de Charqueadas, e, depois, mandado pra Itália, em 1839. De fato, a bandeira era só tricolor, verde, vermelha e amarela, e o brasão foi colocado bem depois, quando a bandeira da República Rio-Grandense se tornou a bandeira do Estado do Rio Grande do Sul. O verde e o amarelo eram as cores do Império Brasileiro, já o vermelho representava a liberdade, ideal farrapo. Mas bah, tchê! Logo, MINHA SEGUNDA BANDEIRA TAMBÉM É VERMELHA!
Buenas, então, pela ordem, sou charqueadense, gaúcho e gremista! E a bandeira do Tricolor é azul, preta e branca, como todos sabem. O que a maioria não sabe é que o Grêmio quase foi vermelho. Já contei isso, mas repetirei: o paulista Cândido Dias, dono da bola em torno da qual o Imortal foi criado, queria vermelho, preto e branco, as cores de São Paulo. Só que os alemães preferiram... havana! Isso, havana, o azul só entrou depois, pois não havia tecido havana suficiente em Porto Alegre, mas sim azul. Os alemães, vê-se, eram práticos e pragmáticos, por isso o Grêmio, desde o início, sempre jogou pelo resultado. Logo, MINHA TERCEIRA BANDEIRA QUASE TAMBÉM FOI VERMELHA!
E, finalizando, sou charqueadense, gaúcho, gremista e brasileiro. E o lindo pendão tricolor da esperança, símbolo augusto da paz, é azul, verde e amarelo. Só que nem sempre foi assim. Essa é a bandeira da República, de 1889, antes havia a do Império e que foi, de fato, a primeira do Brasil, independente. E como ela era? Verde e amarela, com saltitantes detalhes em vermelho no brasão, pois essas eram as cores de... Portugal. Foi criada pelo francês Jean-Baptiste Debret e oficializada por Dom Pedro I em 18 de setembro de 1822. Logo, MINHA QUARTA BANDEIRA TAMBÉM JÁ FOI VERMELHA!
E até ia terminar mesmo essa crônica, mas agora lembrei de uma coisa. Acompanhando a eleição estadunidense por TV, jornal e redes sociais, vi que muita gente brasileira ficou exultante com o resultado de lá, chegando alguns a bater continência pra bandeira dos EUA e outros a vesti-la, como que esquecendo o "Brava gente Brasileira, longe vá temor servil" da nossa Independência. Pois não são esses justamente aqueles que dizem a brados retumbantes por aí que "minha bandeira não é vermelha"? Eis a ironia e a piada, vindo prontas. De que cor é a bandeira dos EUA? Azul e VERMELHA! E qual é a cor que identifica o Partido Republicano, do presidente eleito, Trump? VERMELHO!
PS - Acabaram de me lembrar aqui em casa que o Brasil é o único país cujo nome vem de uma árvore, o pau-brasil, palavra que vem de "brasa", eis que dela se extraía uma tinta de coloração... VERMELHA!
Um bom final de semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam e fiquem com Deus.