Há de se passar um dia inteiro sem fazer nada. Domingo, que seja, o dia que der. Uma vez por mês, pelo menos, uma por semana, no ideal.
Agora, é SEM FAZER NADA MESMO, nem transar. Ou achou que era só não trabalhar? Não, é não fazer nada, nem transar e nem cozinhar. Beliscar o que tiver, passar o dia a café e pão com manteiga (ah, passar café pode), se for o caso. Ir no banheiro e se limpar, óbvio. Lavar as mãos! Sempre. Ficar sem fazer nada, aproveitando unicamente a situação de existir e estar vivo, pois isso é uma grande dádiva. Se concentrar na respiração, sentir o coração pulsar e o sangue fluir. Consegue? Só isso, nada mais. Sem fazer nada.
Sem compromissos, sem visitas, sem banda, sem academia, sem nada. Ah, sem televisão e sem celular (desligue-o). Sem livro. Sem música. Sem computador. SEM NADA. Só sentir, pensar, refletir, recordar, projetar. Altos pensamentos surgirão. Só o corpo e a mente em conexão total e extrema. Ficar deitado na cama, sentado no sofá da sala ou numa cadeira à sobra no pátio, tudo isso vale. Dar comida e água pro gato, pro cão, pro cardeal, pro canário, pro papagaio, pro coelho, pras galinhas, pro cavalo e pra cobra também pode, claro. Olhar o céu e sentir o sol.
No mais, só tu contigo mesmo, 100% tu. O dia inteiro nessa, do raiar ao pôr do sol. De noite tá liberado. De dia, o ócio. Ócio total. Ócio criativo, como escreveu o sociólogo italiano Domenico no livro. A criatividade fluirá ao não se fazer nada. Não escreva, não pinte, não toque, não faça nada, só deixe fluir, junto com o ar e o sangue.