João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Textos

100 anos sem Kafka

 

Sem Kafka vivo, mas, mesmo morto, sua obra continua, inclusive aquela da barata que, na verdade, não é uma barata como a maioria das pessoas pensam, devido a uma tradução "muito criativa" do alemão para o português. Na verdade, ninguém sabe que inseto era aquele que "quando Gregor Samsa, certa manhã, despertou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado em um inseto monstruoso". A culpa é um pouco também daquela canção dos Inimigos do Rei, que dizia "Vem Ká Fka comigo" e "Havia uma barata na minha cama", coisa assim. O que uma tradução "inventiva" pode causar de equívocos sobre o livro de um autor, não é mesmo?

 

O theco que escrevia em alemão por escrever melhor em alemão do que em tcheco, Franz Kafka, faleceu aos 40 anos em 3 de junho de 1924, de fome. Sim, a tuberculose fechou sua garganta e ele não conseguia comer. Logo, tecnicamente, não foi a tuberculose que o matou. E, assim, escapou de morrer nos campos de concentração alemães, como suas irmãs, nos anos 1940, visto que era judeu. Deixou seus escritos inéditos e inacabados para um amigo, solicitando que tudo fosse queimado. O amigo, claro, não atendeu, e por isso conhecemos muita coisa de Kafka. Ou melhor, muita coisa do que sobrou, pois ele e sua última namorada queimaram 90% dos seus escritos.

 

Ah, as mulheres, Kafka era fissurado em sexo, transou muito com muitas durante a vida e, mesmo assim, ainda encontrava tempo para apreciar uma pornografia. E vejam que se achava feio e esquisito! Se fosse um Alain Delon, um Renato Gaúcho ou um Richard Gere, mas bah, o que de sexo esse tcheco teria feito! Era alto para a época, tinha 1,80 metro no início do século XX. As pessoas olham suas fotos e acham que ele era baixinho e magrinho. Não, era só magrinho. Não fizeram sucesso seus escritos em vida, inclusive o da barata que não é o da barata, A Metamorfose, publicado em 1915. A grande maioria de sua obra é póstuma, graças ao amigo que não lhe concedeu seu último pedido. Kafka, vê-se, não sabia escolher bem os de sua confiança. Ainda bem, né? Agora é um clássico imortal, considerado um dos maiores escritores do século XX que ainda vende muito no XXI.

 

A Metamorfose já entrega o jogo logo no primeiro parágrafo, o que vem depois é a descrição fria, metódica e irônica da agonia de Samsa junto à família. Inovador, pois na época os escritores deixavam para o final a grande surpresa. Mais não conto, vão ler o texto, que é um conto longo, mas que dá pra dar conta numa tarde. Aliás, o Clube do Livro de Charqueadas vai debater justamente A Metamorfose amanhã, 19 horas, na Biblioteca Municipal Vera Gauss. Dá tempo e pegar o livro emprestado lá, hoje ou mesmo amanhã, ler e ir no Clube. Aliás, olhem o pessoal aí em cima, na foto, um ano atrás, faceiros após debaterem O Alienista, de Machado de Assis, que, por acaso, também é um conto longo que dá pra ler numa tarde.

 

Para quem quiser se aprofundar em Kafka, deixo abaixo o link para um texto bem melhor que esse meu, escrito pelo Juremir Machado da Silva, sobre o autor e um evento que está ocorrendo em Porto Alegre, cujo cartaz também publico abaixo. Até o Clube do Livro, para quem for. Não vão ter sonhos intranquilos! Apenas curtam o barato kafkaniano.

 

Kafka no Goethe - por Juremir Machado, no Matinal.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 20/08/2024
Alterado em 20/08/2024
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