João Adolfo Guerreiro
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Brasil, o gigante com gordura localizada

 

Em 2024 o Brasil está avaliado, pelo Fundo Monetário Internacional, como a 8ª maior economia do planeta. Uau syl, isso é muita coisa, mostrando que o Brasil não é apenas o 7º país mais populoso do mundo e o 5º em tamanho. Um gigante, sem duvida!

 

Todavia, nas Olimpíadas de Paris 2024, ficamos na 20ª colocação no quadro de medalhas. A explicação já dei no meu ensaio de ontem no Portal de Notícias: nosso IDH (Índice de Desenvolvimento Humano da ONU) é, inacreditavelmente, o 89º, fruto de nossas brutais desigualdades sociais e econômicas e, como o IDH é o principal fator que condiciona um bom desempenho nos jogos olímpicos, babaus Brasil. Toda nossa pujança é sobrepujada pelas nossas desigualdades! Nossa "gordura" está localizada em um percentual pequeno da população. Leiam o ensaio de ontem antes de prosseguirem por aqui, a fim de entenderem os critérios utilizados em nossa análise: Não basta ser grande e rico, tem de ter IDH muito alto.

 

Sim, como vocês viram, é a relação IDH-PIB-população que explica, via de regra, a colocação no quadro de medalhas dos jogos, sendo o IDH o indicador que, na maioria absoluta das vezes, define. E isso é tão certo que, mesmo o Brasil não estando no quadro de medalhas Paris 2024 numa posição correspondente ao seu gigantismo, na comparação com os outros países da chamada América Latina (AL), ou seja, do México pra baixo, ao Sul do mapa mundial pela costa do Atlântico, é o líder inconteste. Reparem no quadro abaixo, restrito a colocação dos países da AL em Paris 2024, mencionando a realidade IDH-PIB-população de cada um:

 

20 - Brasil 3 medalhas de ouro (0,760 -1,92 trilhão USD -203,1 milhões)

32 - Cuba 2 (0,764 -633,4 bilhões USD -11,21 milhões)

45 - Jamaica 1 (0,688 -17,1 bilhões USD -2,827 milhões)

50 - Equador 1 (0,740 -115 bilhões USD -18 milhões)

53 - Argentina 1 (0,849 -631,1 bilhões USD -46,23 milhões)

57 - Chile 1 (0,860 -301 bilhões USD -19,6 milhões)

58 - Santa Lúcia 1 (0,715 -2,344 bilhões USD -179.857 mil)

60 - República Dominicana 1 (0,767 -113,5 bilhões USD -11,23 milhões)

61 - Guatemala 1 (0,560 -95 bilhões USD -17,36 milhões)

63 - Dominica 1 (0,776 -607,4 bilhões USD -72.737 mil)

66 - México 0 (0,781 -1,466 trilhão USD -127,5 milhões)

67 - Colômbia 0 (0,758 -343,6 bilhões USD -51,87 milhões

75 - Panamá 0 (0,755 -76,52 bilhões USD -4,409 milhões)

82 - Granada 0 (0,779 -1,215 bilhões USD -125.438 mil)

84 - Porto Rico 0 (0,735 -113,4 bilhões USD -3,22 milhões)

85 - Peru 0 (0,762 -242,6 bilhões USD -34,05 milhões)

 

93 - Países América do Sul sem medalha:

Bolívia (0,698 -44,01 bilhões USD -12,22 milhões)

Paraguai (0,731 -41,72 bilhões USD -6,781 milhões)

Suriname (0,646 -3,621 bilhões USD -618.040 mil)

Uruguai (0,830 -71,18 bilhões USD -3,423 milhões)

Venezuela (0,699 -482,4 bilhões USD -28,3 milhões)

 

93 - Países da América Central sem medalhas:

Antigua e Barbuda (0,798 -1,868 bilhões USD -93.973 mil)

Aruba (0,844 -3,545 bilhões USD -106.455 mil)

Bahamas (0,784 -12,9 bilhões USD -409.984 mil)

Barbados (0,788 -5,7 bilhões USD -281.635 mil)

Belize (0,694 -2,831 bilhões USD -405.272 mil)

Bermudas (0,930 -7,546 bilhões USD -63.532 mil)

Costa Rica (0,809 -69,24 bilhões USD -5,181 milhões)

El Salvador (0,659 - 32,48 bilhões USD -6,336 milhões)

Guiana (0,611 -14,72 bilhões USD -808.726 mil)

Haiti (0,552 -20,25 bilhões USD -11,58 milhões)

Honduras (0,632 -31,72 bilhões USD -10,43 milhões)

Nicarágua (0,565 -15,67 bilhões USD -6,948 milhões)

São Cristóvão e Nevis (0,838 -965,6 milhões USD -47.657 mil)

São Vicente e Granadinas (0,755 - 948,6 milhões USD -109.316 mil)

Trinidad e Tobago (0,736 -30,05 bilhões USD -1,531 milhão)

 

Desde os jogos de Atlanta 1996 que o Brasil vem superando a soma de 10 medalhas no total, sendo a de Paris nosso segundo maior total, 20, atrás de Tóquio 2020 (21) e acima do Rio de Janeiro 2016 (19). Estritamente no quesito medalhas de ouro, as melhores participações foram Tóquio 2020 (7), Rio 2016 (7) e Atenas 2004 (5). Com isso, é o país da América do Sul com o melhor desempenho na história das Olimpíadas, posição condizente com sua condição de maior potência regional. No âmbito da AL, entretanto, é superado historicamente por Cuba, que possui 84 medalhas de ouro e um total de 235, contra 40 de ouro num total de 170 do Brasil. Todavia, os cubanos vem caindo vertiginosamente desde Sydney 2000 no quadro de medalhas e, desde Rio 2016, vem ficando atrás do Brasil (a propósito do caso específico de Cuba, ler: De protagonista a coadjuvante) - entre Montreal 1976 e Sydney 2000 Cuba sempre ocupou as dez primeiras colocações no quadro de medalhas. Hoje, podemos dizer que o Brasil é a maior potência esportiva da AL.

 

Assim, a partir de tudo o que lemos no ensaio de hoje e no de ontem, enquanto não resolvermos esse problema histórico (atávico?) e, sobretudo, político, continuaremos no quadro em que estamos, como o gigante com maior gordura localizada do planeta, aquele que, desta forma, É sem ESTAR. As Olimpíadas apenas escancaram isso para o Brasil e para o mundo.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 14/08/2024
Alterado em 14/08/2024
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