João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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O tal Alemão mandando ver no último BBB. Será diferente agora?

Mais um BBB sobre nós


Mais um BBB sobre nós
Puxa gente, não tem como não dar certo esse programa. Vejam só: primeiro, gente jovem, bonita e gostosa trancada numa casa, disputando uma grana alta (para a maioria do povo brasileiro, pelo menos), curtindo a vida adoidado (shows, festas e o escambau) e namorando. O BBB é uma sessão da tarde, tipo aqueles filmes americanos para adolescentes, só que "quase" de verdade, o que já é mais que os filmes.
Imagina, isso fatura muito, mobiliza a "opinião pública" e é uma fábrica de celebridades, tipo escolinha de futebol, que dá a oportunidade de muita gente entrar pra valer, mesmo que fugazmente, na restrita sociedade de consumo midiática.
Por outro lado, é uma mídia cavalar. Mesmo que você não olhe TV, você sai por aí e tem um aparelho ligado num restaurante, numa lancheria, fatalmente na Globo, e só dá o tal programa. Imagina, em qualquer biboca mais distante deste páis tem uma espinha de peixe ligada na globo "dando uma espiadinha". É um poder de divulgação fenomenal, realmente incrível. A TVé um fenômeno poderosíssimo, e a Internet, com toda a badalação de hoje em torno dela, não tem ainda sequer o poder do Rádio. Creio que deve bater pau a pau com a mídia impressa (jornais e revistas).
Mas aí também percebam: como essas rádios, jornais e revistas são tudo uma coisa só, vinculadas aos mesmos grupos empresariais de comunicação das TVs, todos também repercutem em espaços generosos os tais programas.. E até os veículos de outros grupos que não a Globo, por incrível que pareça, também dão espaço editorial pra coisa.
E o povo gosta, não há dúvida. Milhões e milhões de ligações telefônicas pro programa pra cada paredão. Até eu já liguei pra lá, quando foi o BBB do Bambam e o do Jean. Ah, capaz que eu ia perder a oportunidade de dar o prêmio pra um Mané (no bom sentido) e depois pra um veado? Ora, as duas vitórias, vide a repercussão do BBB, trariam uma discussão benéfica em termos de tolerância social pra este Brasil.
Mas o programa é meio sádico, já repararam? Bota aquela gurizada sarada e cheia de hormônios lá, se refestelendo, e como tudo é vigiado, não dá pra o pessoal transar a torto e a direito, que é o que aconteceria se a "casa" tivesse uma "ala reservada". Se assim fosse já teríamos, pelo menos, uns seis ou sete ou BBBezinhos por aí na mídia, filhos das inevitáveis festas. Mas o BBB, sadicamente, estimula sexualmente os participantes ao limite (belos jovens trancados dois meses numa casa com tudo dentro!) e não dá condições pra um sexo a quatro paredes. A não ser que tenha um carudo e uma caruda que digam "Soda-se tudo!" e pratiquem o "Tô nem aí", como já aconteceu nas edições do programa de outros países. Foi uma verdadeira TV pornô para os assinantes pagos do programa pela Internet.
Mas pessoal, imaginem toda essa mídia voltada pra ensinar alguma coisa mais edificante pra essa juventude, que pelo BBB tem um exemplo de vida onde o negócio é disputar um prêmio onde vale tudo no jogo das aparências e dissimulações que espírito humano é capaz de produzir. Não importam valores, importa vencer, ganhar, e repito, nisso vale tudo. O programa estimula o que de pior o ser humano pode ser ética e moralmente, e os exemplares da nossa espécie selecionados pra esse coliseu moderno não decepcionam: nos mostram como a gente é na intimidade, os que há por trás das nossas máscaras de cinismo do dia a dia. E esse talvez seja o grande ganho social que esse tal de BBB tem: ser um espelho das nossa vigarice humana, sempre escondida no verniz tênue da educação social que nos ensina a dissimular.
O BBB é Brasília com câmeras escondidas vigiando tudo. A única diferença é que na capital do Brasil os "garanhões" são coroas barrigudos, de óculos e carecas. Já as moças são as mesmas, não tenham dúvidas.
Aliás, já repararam que eles não estão mas colocando o pobrerio no programa, como faziam anteriormente? Acho que perceberam que o povo brasileiro tem a virtude de ser justo e solidário e vota sempre pro pobrerio ganhar o tal milhão, e daí a "disputa na casa" acaba ficando sem graça, pois todos já sabem que é o pobre que vai ganhar.
Então dá-lhe belos jovens de classe média lá!!! Que vença o melhor (ou o mais saboroso ou a mais saborosa, ou o mais esperto ou a mais esperta).
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 09/01/2008
Alterado em 27/02/2008
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