João Adolfo Guerreiro
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Textos

1934: mortal para os "imortais"

 

Os escritores membros da Academia Brasileira de Letras (ABL), criada em 1897 no Rio de Janeiro, embora não sejam tricolores gaúchos, igualmente são denominados de "imortais".

 

Entretanto, há 90 anos, quando a ABL estava com seus 37 anos, mais precisamente em 1934, quatro "imortais" tiveram o ponto final de suas existências físicas: Júlia Lopes de Almeida (30 de maio), Medeiros e Albuquerque (9 de junho), Coelho Neto (28 de novembro) e Humberto de Campos (5 de dezembro). Júlia, aliás, nunca foi reconhecidamente da ABL, enquanto Humberto foi um literato que escreveu, incrível e sobrenaturalmente, tanto em vida quanto depois de morto. Contudo, dos "imortais" que morreram em 1934, hoje falaremos apenas de Júlia.

 

Júlia Valentim da Silveira Lopes de Almeida, brasileira filha de portugueses, nasceu em 24 de setembro de 1862, no Rio de Janeiro. "Manteve produção literária ao longo de quarenta anos, nos quais foi pioneira na literatura infantil, escreveu romances, livros de contos e de crônicas, peças de teatro, além de artigos para jornais, defendendo, por exemplo, a abolição da escravatura e denunciando as condições das mulheres na sociedade brasileira de sua época. Dentro do contexto daquele final do século XIX e da primeira metade do século XX, é possível dizer que ela foi um sucesso de crítica e de público, esgotando tiragens de seus muitos livros" (Martins, 2019, p. 418).

 

Com todo esse currículo, acabou sendo um dos fundadores da ABL, só que não como "imortal", por ser mulher. Sim, é exatamente isso, caso tivesse um "membro" em vez de vagina e se chamasse apenas Valentim, teria sido membro da academia. Como o modelo brasileiro era inspirado na Academia Francesa, estritamente masculina, a fundadora foi vetada. Seu marido, o poeta português Filinto de Almeida (1857 - 1945), membro da ABL, em entrevista ao jornalista e "imortal" João do Rio (1881 -1921), foi muito franco: "(Rio) - Há muita gente que considera D. Júlia o primeiro romancista brasileiro. (Filinto) - Pois não é? Nunca disse isso a ninguém, mas há muito que o penso. Não era eu quem deveria estar na Academia, era ela" (Martins, 2019, p. 417).

 

Escreverei sobre os outros "imortais" que faleceram em 1934 durante o ano. Neste mês, ainda, sobre José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque (1867 - 1934), o autor do "Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós".

 

Um bom final de semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, ajudem os atingidos pela enchente, leiam, vivam e fiquem com Deus.

 

Fonte:

MARTINS, Romeu. Medo imortal. Rio de Janeiro: DarkSide Books, 2019, 464 p

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 07/06/2024
Alterado em 07/06/2024
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