Um jogo cheio de significados este Grêmio x Juventude que decidirá o Gauchão, o campeonato mais difícil do mundo, na Arena Grêmio, sábado à tarde. Pelo lado Tricolor da capital, um novo hepta, o segundo de sua história, 55 anos depois, que, curiosa coincidência, novamente será decidido contra o Alviverde da Serra - cujo uniforme lembra o do seu primeiro rival, o Fuss Balll; pelo lado dos jaconeiros de Caxias do Sul, a oportunidade de novamente decidir seu segundo título em Porto Alegre, 26 anos depois de superar o Inter.
Esta, confesso, será a primeira vez que o Grêmio chega numa final estadual, contra uma equipe do interior, a qual não estou certo da vitória, das que assisti. Até naquela contra o Caxias do Tite em 2000 eu estava confiante, mas desta, não, pois o Juventude está com um time muito bom, com plenas chances de reviver o Novo Hamburgo de 2016, que despachou Grêmio e Inter com quatro empates, sendo campeão nas penalidades no Beira Rio. Mesmo que a Arena vá lotar e possa até receber um público recorde amanhã, não se enganem: não há favorito para o Gauchão 2024.
Alguns subestimam o Gauchão, mas eu não me incluo entre esses. É o campeonato que mais tem a ver conosco. Só o esnoba quem já o ganhou muitas vezes e tem títulos nacionais e internacionais no cartel, mas se pensarmos em torcedores de clubes que não os possuem, perceberemos sua importância. Assim, o Grêmio fez bem em preservar os titulares para a decisão, eis que não é sempre que se é hepta de algo e, quem é hepta, pode ser octa... Em 1991 poderíamos ter sido, com Renato dentro de campo, como me lembrou o Oscar do Rangos ontem, mas o Inter impediu. O Juventude, único clube do interior a vencer uma Copa do Brasil e disputar uma Libertadores, é, hoje, a segunda força do Rio Grande, por estar na final e também na série A. Terminará 2024 assim? Não sei, tudo depende do que acontecer amanhã.
Estou desde 2022 na expectativa por esse hepta. Com o hexa do ano passado ela só aumentou. Inclusive, vou com a camiseta promocional do hexa ver o jogo. O motivo é que uma das minhas primeiras lembranças do Grêmio está ligada ao Hepta de 1968. Lá por meados dos anos 1970, era costume do pessoal usar uma capinha estofada, como motivo futebolístico, para o banco da bicicleta - capinhas que ficaram no passado, junto com aquelas almofadinhas para sentar nas arquibancadas de cimento nos dias de jogos. Meu pai possuía uma justamente alusiva ao hepta, e eu a achava linda. Aliás, tornei-me gremista por encantamento estético, já que achava o manto tricolor e seu distintivo lindos, então essa capinha não me sai da lembrança.
Levarei também para a Arena lotada a lembrança de gremistas locais que já não estão neste plano físico pra ver esse feito: meu pai, meu tio Ivã, meu amigo Afre, dona Loivaci da Banca do Povo (que foi na inauguração do Olímpico, em 1954), Nilo Tejada (recentemente falecido) e o inesquecível Goiaba (homem de frente do Consulado de Charqueadas). E por falar em Arena lotada, é um espetáculo lindo de ser ver... pela TV. In loco emociona também, mas tudo fica difícil: chegar no estádio, entrar na Arena, comprar algo pra beber ou comer lá dentro. Só é melhor do que o antigo Olímpico Monumental porque, com lugares marcados, sua comodidade nesse quesito fica garantida. Sim, é ótimo presenciar finais históricas como essa, imperdíveis, todavia claramente prefiro assistir na Arena os jogos com, no máximo, 35, 40 mil espectadores.
Era isso. Todos os caminhos levarão à Arena Grêmio no sábado - repitamos os clichês, sem medo de sermos felizes. Que vença o melhor e que o melhor seja o Grêmio do saudoso Tarciso Flecha Negra, meu grande ídolo.
Um bom findi para todos. Cuidem-se, vacinem-se, torçam, sequem, vivam e fiquem com Deus.