A motivação para esta crônica são os 70 anos da estreia da camisa oficial da seleção brasileira chamada "canarinho", em 28 de fevereiro de 1954, quando o Brasil venceu o Chile por 2x0 numa partida válida pelas eliminatórias da Copa do Mundo, realizada em Santiago. Os dois gols foram do centroavante Baltazar, obviamente não o Artilheiro de Deus do Grêmio do início dos anos 1980, mas sim o do Corinthians.
Após o Maracanazo uruguaio em 1950, a azarenta camisa branca com detalhes azuis foi aposentada e, em 1953, um concurso foi realizado visando estabelecer um novo uniforme oficial. O vencedor foi um guri de 18 anos nascido em Jaguarão e radicado em Pelotas, Aldyr Schlee (1934 - 2018). É essa até hoje utilizada, que vemos na foto acima, vestida pelo criador. O curioso é que, além da branca, a seleção brasileira já vestiu vários uniformes antes de 1954: azul e amarelo (tipo a do Boca Juniors), com listras pretas e amarelas (tipo a do Peñarol), com listras verdes e amarelas e, acreditem ou não, vermelha, em 1918, como mostra a imagem acima, do Museu da CBF.
O que faz atualmente ser curioso o uso dessa cor no uniforme da seleção é justamente a apropriação política do uniforme canarinho pela extrema-direita brasileira, a mesma que brada "a nossa bandeira jamais será vermelha", coisa assim. Pois se podemos ver que mesmo o manto da seleção já foi vermelho, por outro lado a própria bandeira do Brasil Império, criada pelo pintor francês Debret e base para a atual, possuía o vermelho em destaque nos detalhes do brasão.
Tá, a "canarinho" nunca foi vermelha, como o título pergunta, mas o uniforme da seleção nacional já foi, para gáudio da esquerda nacional.