João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Textos

Ontem você me disse adubo demais

 

Oi. O que você me disse ontem foi muito injusto, bah, injusto demais. Moeu o meu coração. Difamou minha integridade, desconfiou de minha lealdade, acusou minha dor como covardia, qualificou minha resiliência como comodismo e fez pouco caso de meus sentimentos, chegando ao ponto de me chamar de canalha e egoísta. Foi muita ingratidão de tua parte comigo vilipendiar assim meus sentimentos num momento em que estou frágil. A tua sanha foi tamanha e teus golpes tão duros que não consegui falar, a atmosfera do quarto tornou-se rarefeita e as palavras fugiram de susto, horror, estarrecimento e indignação. Emudeci. Mas como elas ficaram dentro de mim, as puxei pra fora com a caneta e as despejei na folha de papel de meu caderno Tilibra. Nunca mais vou te perdoar. Tá, perdoarei, afinal, sou cristão, né, mas nada vai ficar igual, ah, não vai mesmo. Acabou. Fim. The end. Fin. Konets! Vou te tirar da minha vida. Como poderei? Como você pôde! Irei agora pela manhã puxar obedientemente aqueles malditos ferros os quais odeio na academia e, a cada movimento, gritarei internamente pensando em ti: Morra! Morra! MORRA! Morte metafórica, claro, morte em minha vida, não a morte de Ivan Ilitch, embora meio que parecida, pois a verdade da ingratidão machuca demais. Farei muito esforço naqueles aparelhos, tanto para agradar meu médico e meu personal quanto, principalmente, para sentir que meu coração ainda é forte é que minha alma pulsa, robusta. Você não é nada, é só um monte de adubo com o qual cresci a horta e o jardim de minha existência. CHEGA! Te trocarei pelos fertilizantes russos. Ah, aliás, quase me esqueci: sabe aquelas margaridas amarelas que tu A D O R A? ARRANQUEI! TODAS! Não restou uma! Espero que os gatos caguem e mijem naquela parte do jardim. E eles o farão, pois, esses sim, são meus amigos, não me dizem tanto adubo quanto o que tu me disse ontem. Tá, chega. Fui. Não: VAI! Tchau. Adeus.

 

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Esperando meu amigo Rubens para, nesse dia 25,

bebemorarmos, brindando ao nascimento do Salvador!

 

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Hoje farias 112 anos. Fostes há 11. Jamais esquecerei

teu sorriso, carinho, sabedoria e acolhimento.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 25/01/2024
Alterado em 25/01/2024
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