João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Vivendo e aprendendo

 

A gente descobre, descobre-se e se redescobre. A passagem por esse plano físico é de aprendizado contínuo e benfazejo, evoluindo à medida que nos afastamos cada vez mais do egoísmo em direção ao altruísmo. O João de décadas atrás, por exemplo, já na primeira linha acima teria se afastado desta crônica.

 

Algo que descobri recentemente sobre mim, coisas de semanas atrás, tem a ver com todo o processo contínuo e lento que, percebo, o luto materno e paterno é. Quando jovem, naquela idade entre os 16 aos 36 anos, nos natais em família sempre via o meu pai falar - era muito bom em discursos em festas e ocasiões familiares - sobre os que se foram e, por vezes, tomado pela emoção, chorar. E, recordo bem, sempre achava isso exagerado - nunca expressei essa opinião, claro -, tipo: Ora, quem morreu, morreu, temos que tocar a vida adiante, sem expressões exageradas de sentimentalismo e fragilidade - não pela noção clássica (e boba) de que "homem não chora", mas sim por resguardo da intimidade, mesmo. Mais maduro, já passei a entender isso como algo natural, fruto das experiências das pessoas e de sua forma de lidar com as mesmas, sem mais formular juízos de valor em meus pensamentos sobre e aceitar a natureza díspare das pessoas em relação aos sentimentos.

 

Refletindo hoje, percebo que, por ter sido criado sem conhecer nenhum de meus avós, o início, meio e fim de minha família eram meus pais e irmã. Logo, como entenderia o pesar de meu pai e seus sentimentos, ainda mais que minha mãe não falava acerca disso? Se já é difícil se colocar no lugar do outro, entender seus sentimentos, alegrias e tristezas, mesmo tendo experiências análogas, imagina então não as compartilhando? Entender a dor pela falta de uma pessoa que não conheci? Entendia somente que nós estávamos ali, que éramos uma família e que isso bastava, que a tristeza não tinha motivo para estar presente. Talvez sentisse um pouco de ciúme: Eu estou aqui, oras, não basto?

 

Agora, nos recentes natais em família, sem eles, entendo meu pai e a mim mesmo, pois só com a experiência compreendemos completamente a complexidade humana que envolve determinadas situações. Não acho mais que ele era bobo, mas sim que eu era, enquanto jovem arrogante, ignorante e tolo e, ainda, fico feliz em enxergar isso e assim constatar que cresci como ser humano. Não sou do tipo de pessoa que verão chorar dizendo algo numa reunião pública, acho que até por ter sido o jovem que fui, por ter ficado em mim solidificada essa noção de exagero e necessidade de resguardo. Chorar mesmo, somente em círculos muito íntimos ou sozinho, o que nos últimos dois anos ocorreu com certa frequência.

 

Sem o início e o meio de minha família, agora sou o que relembra deles em ocasiões familiares como o Natal e me pego emocionado. Vivendo e aprendendo, em permanente vigília autocrítica a fim ver o que ainda não percebo em minha limitação experencial. Espero que o dia culminante deste período de Natal, 25, tenha sido legal pra vocês com seus amigos e familiares, compartilhando o amor de Jesus na data convencionada de seu nascimento.

 

Uma boa semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam e fiquem com Deus.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 26/12/2023
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