João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Não vi Napoleão perder a guerra...

 

No sábado fui ver Napoleão, de Ridley Scott, na tela IMAX do Bourbon Country. Levei meu sogro junto, meu parça desde antes de eu conhecer a filha dele. Pois quando estamos no incêndio de Moscou, ele precisou dar uma de bombeiro: Cara, não aguento mais, minha bexiga está estourando. Bom, tivemos de ir no WC e não vimos Napoleão perder a guerra, mas evitamos do meu sogro molhar as calças. Parça é parça.

 

Fiquei vendo no You Tube umas críticas dos historiadores sobre o filme. Tá, o período biográfico filmado é muito abrangente, só qualquer uma das batalhas nele retratadas daria uma superprodução de três horas. Acho que os caras não tem de ficar cobrando muito da síntese de Scott, pois é um filme pra quem conhece a história e os contextos, não é pra gurizada que nunca ouviu falar quem é aprender sobre. As licenças poéticas, tudo bem, acho que tem de ser apontadas mesmo. Agora, criticar do ponto de vista cinematográfico um diretor do calibre dele é coisa pra quem entende muuuiiitoooo de cinema. Vi até um criticar a atuação do Joaquin Phoenix! Menos, pessoal. Voltarei lá pra ver o filme todo - uma versão de quatro horas e meia sairá em breve, pra um canal de TV pago.

 

No domingo assisti ao show do Benito di Paula no Araújo Viana. Gente, o velho está em plena forma artística aos 82 anos - faz níver hoje -, cantando e tocando magistralmente! Tá devagar na mobilidade, mas sentado no banquinho, de frente pro piano e pro microfone, mas bah! O público adora ele! "Benito, te amo!", "Benito, te amamos!" e "Benito, Porto Alegre te ama!" era só o que se ouvia, aos berros, da plateia, da ala feminina. Até "Lindo!" saiu, exageradamente, claro. Palmas e palmas e palmas, o pessoal cantando junto TODAS as canções, sintonia total. E ele não deixou por menos: desceu pra onde estava seu público e cantou de lá um bom tempo.

 

Eram sete músicos sobre o palco: Benito e seu filho (foto abaixo) no piano e voz, mais um batera, um baixista, violonista e dois percussionistas. Todos feras. E Benito deu trabalho pros caras, exigiu concentração total destes. Parece que, ao vivo, quer mostrar pro pessoal que é fera demais no piano. Nos plays a gente saca que é bom, mas ao vivo é ótimo! Ele mexeu com as harmonias das canções com muita sofisticação, quase no limite de descaracterizá-las em comparação com as gravações originais. E fez isso com a parte rítmica também, às vezes mexendo na harmonia e no ritmo simultaneamente. Quando tocando sozinho, o público - assim como no filme de Scott - teve de saber "a história original" da canção pra entender o que o mestre estava fazendo; quando com a banda, os caras tiveram de segurar tudo pra ele viajar até o cosmos musical e voltar como se isso fosse coisa simples e fácil. Isso sem falar que, quando cantava, iniciava sempre no limite do tempo da canção, quase perdendo-o - quase, pois mostrou que sabe brincar com o perigo, dançando no campo minado rítmico e nas cordas bambas e afinadíssimas de seu piano.

 

Que baita show! Voltei a ser criança nos anos 1970, quando ouvia numa tarde de sol uma canção sua - não lembro qual - no rádio de pilha do meu pai, em meu colo, sentado ao lado da garagem da casa. Não vi Napoleão perder a Guerra, mas já não vou morrer sem ter visto Benito esmerilhar aos 82 anos sobre o palco.

 

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 28/11/2023
Alterado em 28/11/2023
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