Tudo é passageiro
O bom de ser jovem é que a gente viu ainda muito pouco da vida e está descobrindo e aprendendo; o bom de já ter uma certa idade é que tu já sabe bastante sobre o caminho das pedras... "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é", como muito apropriadamente cantou Caetano.
Uma vez li o mesmo Caetano dizer que a única coisa da qual sentia saudade do seu passado era da juventude, do corpo jovem e da vida toda pela frente. A medida da gente neste plano físico é o da capacidade de nosso corpo físico, o que condiciona nossa plenitude, declínio e ocaso - nosso fim é o colapso do corpo físico. Uma das vantagens de se ter certa idade é que a gente não compra mais brigas desnecessárias e, quando compra as necessárias, sabe quando pesar a mão e quando não: a inexperiência leva a língua e o braço a se moverem por quase nada. A sabedoria nasce com a inteligência e cresce para o nível master com a experiência e esta, não tem como ser diferente, vem com o viver ao passar dos anos.
Somos tão belos quando jovens, não é mesmo? Graciosos, fortes, vigorosos, tão cheios de energia e de tesão. Vamos amadurecendo e perdendo o viço, mas ganhando em experiência e, portanto, em sabedoria. Eis o processo do que se chama comumente de amadurecimento. Isso é um ganho, por um lado (idade), que vem de uma perda, por outro (juventude); ficamos melhores, por um lado, e piores, por outro. É a sina de perdas e ganhos decorrente do ciclo natural da vida.
Todavia, o mundo não é das crianças, dos jovens, dos maduros ou dos idosos, o mundo é das pessoas em interação. "Um por todos e todos por um". Pelo menos deveria ser assim e possuo absoluta convicção de que o melhor seria que fosse assim. O melhor da vida é compartilhar em interação. Não se comparar com os outros, pois, alguém já disse, quem se compara vai se achar mais do que alguém e menos de que outrem.
O Advento de Natal já está próximo e o sentido desta data é o de compartilhar. Compartilhemos juventude e experiência, como seres humanos em evolução nesta vida, pela humanidade e por nós, pois tudo é passageiro. Tudo, até o rio.
