Acordar antes das seis, pôr lenha no fogão de ferro pra esquentar a cozinha, o pão e a água pro café passado. Lá pelas oito sair de casa bem agasalhado pra comprar o jornal.
Na lancheria, pega-o e aproveita pra trocar uma ideia com o pessoal. Volta pra casa, onde já é fim de primavera, mesmo que na rua seja pleno inverno. Logo, o sábado é frio, mas mesmo assim fica só de camiseta pra ler o diário de final de semana, em frente ao fogão, na copa-cozinha. Fogão a lenha é viciante, serve também de ar condicionado pra veterano: dois em um.
Não se acha melhor nem pior do que a nova geração, os do celular, ar condicionado e micro-ondas, apenas está feliz por fazer o que mais gosta, entretido com suas tecnologias rudimentares de antanho, ainda funcionais. Ler o jornal de hoje que, amanhã, servirá para iniciar o fogo. Nada se perde, né Lavoisier? Então.
O jornal tá bom uma barbaridade, cheio de coisas interessantes: Uma lei que envergonha Porto Alegre, Lei define dia 8 de janeiro como Dia do Patriota, Julian Assange: Lula e o Brasil têm nos apoiado muito, Pandemia provocou depressão e ansiedade, Lixo espacial cruza o céu e é visto em várias cidades do RS, Bodega centenária evita fiado e tem preços marcados à mão, A tragédia Kliemann, Os pais têm de oferecer algo no lugar das telas, Livrarias - um caso de amor, A longa jornada civilizatória, A atual cultura egocêntrica, Centenário de um gênio do choro, Legalidade: 62 anos, Um novo mistério intriga a antiga Rua do Arvoredo, Ladrão de livros também agiu em loja na Casa de Cultura, Com retornos e desfalques em busca do G4, O efeito Luan, O império da vírgula, e muito mais. Só um apanhado do que está ali, ao passar das folhas, tudo junto ante os olhos acostumados com a mídia de papel, tradicional, já antiquada, mas ainda não obsoleta.
Amanhã será domingo. Assim, aproveita o que ainda resta de um tempo que ainda existe e convive com o novo, mas que está passando...