Grêmio x Bahia: crônica sobre um jogo que não acontecerá
Hoje, às 19 horas, está marcado o jogo de ida do Grêmio contra o Bahia pelas quartas-de-final da Copa do Brasil, na Arena do Grêmio (que, no direito, não lhe pertence - ainda) em Porto Alegre. Já agendei minha poltrona na excursão do Consulado de Charqueadas para o jogo, mas não irei, eis que não vai ter jogo devido ao ciclone extratropical que começa a se abater sobre o Rio Grande do Sul com vento, chuva forte e granizo. O prefeito da capital já pediu que a partida seja adiada e é bem provável que seja atendido. A região onde fica a Arena é baixa, ao lado do rio e sujeita a alagamentos quando existe previsão de muita chuva, como é o caso.
De minha parte, gosto da sensação de ver futebol na Arena, protegido da forte chuva sob a moderna cobertura do estádio. Um luxo e um conforto, desde que, claro, as autoridades entendam ser possível e seguro a realização da partida. Se sim, estarei lá; se não, não. Ah, a contemporaneidade, caso sim. Pego um táxi, chego no Consulado, embarco no busão, desço na Arena, assisto o jogo e volto da mesma forma, sem me molhar. Imagina, lá nos anos 1970, conseguir fazer isso em Porto Alegre num dia de chuva forte, seja no Olímpico Monumental ou no antigo Beira Rio? Necas de pitibiriba. "Ah, as facilidades da modernidade", diria meu pai, que faria aniversário dia 14.
Pelo frio, melhor para o Grêmio; pela chuva, para o Bahia. Os gaúchos estão acostumados com o frio, já a chuva ajudaria os baianos, pois com um empate levam a decisão para os pênaltis. Campo molhado prejudicaria o melhor time, o Grêmio, ajudando o jogo defensivo e um 0x0. No domingo fui na Arena ver o Tricolor perder pro Botafogo por 2x0 num jogaço de bola. Nem fiquei triste, pois meu time - posso fanfarronar, sou sócio em dia - jogou demais. Baita jogo. Só que o Botafogo teve o mérito de fazer um gol primeiro. Até digo que se 1x0 seria justo, o 2x0 foi demais, engana bastante sobre o que foi a partida. O Grêmio parou no travessão e no grande goleiro do Time da Estrela Solitária. Vi na TV Botafogo 2x0 Vasco e constatei que se trata de uma equipe alta, forte, veloz e com boa técnica, tudo o que mostrou domingo em campo e eis porque lidera o campeonato com dez pontos sobre o segundo colocado. Bateu Flamengo, Grêmio e Palmeiras, os outros clubes no G4. Ah, vai cair no segundo turno que nem aquele Grêmio do Roth em 2008, que virou 11 pontos na frente do São Paulo e acabou vice? Não sei dizer.
O que sei é que o Grêmio é muito mais time do que o Bahia e venceria esse jogo de hoje ou o vencerá se ele ocorrer, até debaixo d'água, pois esse Grêmio é que nem aquele do Felipão da Copa do Brasil de 1995, que perdeu de 1x0 na final pro Corinthians no Olímpico e foi aplaudido pela torcida. Foi mais ou menos o que aconteceu no domingo passado na Arena. Em 1995 o time de Felipão ainda vivia o seu auge, é verdade, enquanto Renato tenta retomar o seu de 2016-18. Creio que está no caminho e a torcida o sente, por isso se conecta com a equipe da estrela Suárez: confiança, respeito e admiração.
Para a direção, o ano vai muito bem, além do esperado, eis que o atual presidente disse claramente no início de sua gestão que os objetivos do Grêmio em 2023 eram chegar às quartas na Copa do Brasil e ficar entre os oito do Brasileirão. Era isso tudo o que eu tinha para escrever acerca de um jogo que aconteceria, mas que, tudo indica, não acontecerá. Todavia, se acontecer, lá estarei. Emboras lá pra ver.
