João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Destino

 

Acordou na manhã gelada e partiu para selar o seu destino. Era um dia triste, mas parecia que sua vida, nas últimas décadas, deu-se em função da expectativa acerca da assinatura daqueles papeis.

 

Chegou no local e um rapaz que parecia uma versão juvenil de Arnold Schwarzenegger e uma senhora de belos olhos verdes o aguardavam, solícitos, educados e gentis. Entregaram-lhe toda aquela papelada e o instruíram sobre o que e como assinar. Assim o fez. Em meia hora seu destino estava assinado e oficializado, um destino, como se diz, de papel passado. Ficou surpreso com sua indiferença naquele momento que deveria ser tão especial e despertar tantas lembranças e sentimentos.

 

Partiu tão sozinho quanto chegou. Sentia-se solitário como nunca, tal qual o monstro do livro que trazia em suas mãos para ler no caminho. Entretanto, diferente dele, não possuía problemas com quem lhe gerara. Aliás, ela estava lá, numa foto de juventude, bonita e feliz, guardada na página onde destacara: "Não preciso descrever os sentimentos daqueles cujos mais queridos laços são desfeitos pelo mal mais irreparável, o vazio que toma conta da alma e o desespero que se exibe no rosto. É preciso tempo para a mente convencer-se de que tenha ido embora para sempre aquela pessoa que via todos os dias e cuja existência parecia uma parte da sua própria - que o brilho dos olhos amados se tenha extinguido, e o som de uma voz tão familiar e querida aos ouvidos tenha se calado para sempre. São essas as reflexões dos primeiros dias; mas, quando o passar do tempo prova a realidade do mal, começa a verdadeira amargura do pesar".

 

Ela estava ali como sempre esteve e como sempre estará com ele, na vida e na morte, na realidade e no sonho. "Tudo ficará bem, confie. Mesmo quando as coisas derem errado, estará tudo bem" - disse-lhe num sonho, como naquela canção dos Beatles. Logo, nunca estará só, hoje e seja qual for o seu destino antes do inevitável derradeiro.

 

Foi pra casa e tomou o café que comprou no caminho. À noite, bebeu vinho olhando para as estrelas, pensando na vida e no tempo que passou. Não se sentia mais sozinho e estava em paz e satisfeito. Segue o baile.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 29/06/2023
Alterado em 29/06/2023
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