Já fui em jogo do Grêmio de táxi, de carro, de ônibus de linha, de excursão do Consulado - só não fui de bicicleta ou na pernada, ainda -, mas em excursão de escola ontem foi a primeira vez. Demais, diverti-me pra caramba. Crianças são o máximo! Jovens são energia benfazeja para o mundo!
Pouco antes do meio-dia - hora marcada para a saída - estava em frente à Escola Professor Horácio Prates, representando o Consulado do Grêmio de Charqueadas a pedido do cônsul Zé Luis. Pais, professoras e, principalmente, alunos, esperando animada e ansiosamente o ônibus escolar da prefeitura que os levaria até a Arena para ver Grêmio x São Paulo. Vejo um dos alunos mostrando o cartaz "Suárez me dá sua camisa" (foto abaixo), todo faceiro, ao lado dos pais. Dali a pouco ele mesmo vem me perguntar: "O ônibus vem? Ele está atrasado!" Era meio dia e cinco. Uma aluna anuncia que "As meninas vão dominar Arena", referindo-se à maioria feminina na excursão: 12x7. Chega o busão, tiramos foto (abaixo) e embarcamos: os 19 alunos, as professoras Andréa e Juliana, o professor Alex e eu. "Querida, tu não vai me dar um beijo de despedida?" - choramingou uma mãe.
Durante a viagem o pessoal, entre 10 e 12 anos, quinze da 6ª e quatro da 7ª séries, mostraram que não estavam ali a passeio, mas sim indo prum jogo do Grêmio! Em grande algazarra, aqueles gritinhos agudos de felicidade e excitação contagiavam. Sem exagero ou média, digo que rivalizavam com a batucada que se faz no busão do Consulado em termos de preparar os ânimos para a partida.
- X@%@%#&! Cuspiram no chão! - berrou um deles, a certa altura.
- Que isso! - ralhou a professora. Parem com os palavrões! Sentem e coloquem os cintos.
- Não coloquem a mão para fora do ônibus - cobrou a outra. Se eu levantar, vocês já sabem: a coisa será comigo!
Adoráveis crianças, curtiam adoidado, mas bah, como curtiam. Muito legal, estava adorando a animação daquela viagem. Às vezes até com assustadora coragem fanfarrona:
- Ô motorista Pode correr O sexto ano não tem medo de morrer!
Na primeira ponte antes de Porto Alegre, avistaram o Beira Rio e a rivalidade Grenal aflorou: "Chiqueirão! Chiqueirão!" Deu pra constatar que todos ali eram gremistas. Era 13h05min quando enfim chegamos na capital e o volume e a temperatura cresciam aritimeticamente no ônibus. Quando este se aproximou do destino e eles viram o estádio, Deus do Céu! A coisa explodiu geometricamente! GRÊMIO! GRÊMIO! GRÊMIO! Ao adentrar a zona da Arena, os torcedores que ali já se aglomeravam ouviam a tremenda algazarra infantil e respondiam, sorrindo, contagiados, aquele irresistível brado: GRÊMIO! E isso por toda a volta do estádio, até chegarmos ao Portão 4. Presenciando aquela alegria e felicidade toda, lembrei da primeira vez que entrei num estádio de futebol, no Olímpico, aos 26 anos. Quando meus olhos encararam aquele monumento esportivo assim que entrei, fui tomado de um encantamento, mas nunca me emocionei num estádio antes do jogo começar. Isso até ontem. Observando o encantamento efusivo daquelas crianças - naquela idade limite, já entrando na adolescência e alguns já nela - , confesso, fiquei emocionado de verdade com a experiência. Muito bonito, cativante. Crianças e jovens são tudo de bom, né? Com elas, sempre houve, há e haverá esperança neste mundo.
Na chegada, funcionárias do Grêmio esperavam para organizar tudo. O ônibus entraria às 14 horas e nosso grupo foi deslocado, junto com outra escola de Cruz Alta, até o Museu Hermínio Bittencourt (abaixo) para uma visita gratuita (no $ é 6 pilas para sócios e 16 para visitantes comuns). Na saída, foram na estátua do Renato e fizeram outro registro coletivo (abaixo). Dalí para o Portão F (abaixo), onde entramos rumo às cadeiras gramado, as funcionárias conferindo em ordem alfabética as crianças. Logo estávamos acomodados no Bloco 112, à esquerda da goleira Sul, 23 charqueadenses gremistas (foto acima) dentre os 485 possíveis ocupantes daquele setor, do total de 57.387 pessoas da capacidade total da Arena. A visão no local é ótima para os lances junto à goleira e para ver os jogadores de perto, mas, como estávamos rente ao gramado, acompanhar os lances para além do meio campo era confuso - alguns lances eu via pelo telão para ter ideia precisa do que estava acontecendo. O Grêmio atacou naquela goleira no primeiro tempo, então deu pra ver bem o primeiro gol, pênalti cobrado por Cristaldo, e a comemoração dos jogadores junto à bandeira de escanteio. A gurizada delirou, junto com os demais 42 mil torcedores ali presentes.
As funcionárias do Grêmio sortearam duas camisetas para cada escola e, no intervalo, deram lanche gratuito: cachorro-quente e suco de uva para cada aluno e professor (abaixo). Legal isso, pois os preço$ na Arena $ão superhiperultramega $algadí$$imo$. Ao final do jogo, 2x1 para o Grêmio, para satisfação de todos. Na saída, poucos minutos após às 18 horas, a lua nasceu grande, bela e dourada ao Sul da Arena. "Olha, que linda" - encantaram-se duas alunas. Às 18h30min já estávamos sentados no busão. O menino com o cartaz do Suárez não ganhou a camiseta de seu ídolo, mas apareceu em close no telão do estádio. E aqueles jovens, realmente, dominaram o busão e a Arena. No meu tempo de guri não havia excursões escolares para estádios de futebol, como hoje. Ah, escolas, viva elas! E viva professoras e professores, esses profissionais imprescindíveis e generosos dando seu tempo de folga para o prazer de seus alunos. Que Deus os abençoe e governo$ e empresário$ lhe$ valorizem.
A animação continuou na vinda, a toda. O bordão "Ô motorista Pode correr..." voltou, embora divergências tenham aparecido: "Tem de mudar, não queremos morrer, queremos viver" - é a idade da razão, do bom senso e do juízo crítico chegando, eh eh eh eh. A animação foi tamanha que a certa hora a professora blefou: "Parem com isso ou vou filmar e mostrar para os pais de vocês na chegada". Quando abriu a porta do ônibus ao lado da Horácio Prates, às 20 horas, a mesma professora: "Obrigado, vocês se comportaram muito bem". Verdade, testemunho: comportaram-se muitíssimo bem, mas bah, deram um show. Valeu! A D O R E I.
Uma boa semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam e fiquem com Deus.