É domingo e lá se vamos nós pra Arena de novo, pro Grenal de domingo, já que domingo é o dia ideal para um Grenal e não dá pra perder a oportunidade, seja Gauchão ou Nacional. Desta vez com os gremistas da família da esposa: sogra, sogro e cunhado. Como é domingo de Grenal, saiu o busão e um micro do Consulado Gremista de Charqueadas, três e meia da tarde - o jogo era seis e meia. Pegamos a ficha amarela pro micro (a verde era pro busão), o que significava que não haveria o "couvert futebolístico" do pagode tricolor na viagem. Tudo ok, em compensação teve pão com borússia no caminho, feitos pela mulher do cunhado. Na foto dentro do micro, levanto a mão direita fazendo um três: premonitório, eh eh eh.
Na parada da Gerdau, sobe o Marcelo da Corsan. "Ué, Marcelo, tu não disse que não vinha no Grenal?" "Ah, mudei de ideia" disse, dando-me um choco zero - cortesia entre diabéticos (comi-o durante o primeiro tempo, tomando dois copos de mineral a 8 pilas cada). Grenal de domingo contagia mesmo, não dá pra perder a oportunidade. Chegamos cedo na Arena, quase sem tranqueira, mas, ao contrário do jogo Grêmio x Cruzeiro, na quarta-feira, tivemos de caminhar um bom pedaço até o estádio, devido ao trânsito mais intenso nas proximidades daquele. Foi meu cunhado com os pais pras cadeiras gold e eu pro meu setor 407 R12 e o Marcelo, desta vez, pro 406.
Quase quarenta mil pessoas presentes, pagando ingresso, quase lotando a parte liberada da Arena. Futebol ainda agrega, muito. Aliás, nos telões o Grêmio exaltava a marca inédita dos 100 mil sócios. Imagina? Três Charqueadas de gente pagando em dia mensalidade só pra ver jogo de futebol, num estádio onde cabem 55 mil pessoas - Charqueadas e São Jerônimo juntas! É muita grana. Ao entrar, nas arquibancadas, chamava atenção o espaço da Geral vazio (foto abaixo) pela punição e o bom número de colorados do outro lado, em cima, na parte deles (foto acima). Tem de ser de fé para vir na casa do rival dar força pro time na situação que o Inter tá, respeitei os caras. Aliás, na rua, vi um grupo de uns seis colorados chegarem a pé na Arena, bem por onde a torcida tricolor estava. Ouviram de tudo e mais um pouco, mas seguros pela escolta de uns brigadianos de moto. Isso é triste, o futebol está selvagem, tu não pode chegar num jogo sem proteção policial se não for na casa do teu time. Nossa sociedade está falida em sua civilidade, barbarizada.
Equipes entram em campo e uma banda marcial executa o hino brasileiro, mas não dá pra ouvir nada com a torcida cantanto alto "Grêmio eu te dou a vida Tu és a alegria do meu coração Sabe, é um sentimento O que nós queremos é ser campeão". Início de jogo, golaço de Suárez, 1x0, tinha de ser ele. Cara diferenciado. Supera em muito o investimento, um ótimo negócio pra o Grêmio, como fala o meu cunhado. Gol do Villasanti, 2x0! Agora só falta um argentino e um brasileiro fazerem gols, pois uruguaios e paraguaios já fizeram a parte deles pela Máquina Tricolor Sul-americana de Porto Alegre, o Clube Cone Sul do Humaitá, a Seleção Latinoamericada Gaúcha. Os argentinos não fizeram gol, mas Kannemann levou o seu segundo amarelo e foi expulso no início do segundo tempo, para dar mais emoção ao Grenal de domingo e estimular seus companheiros em campo a se doarem mais - os hermanos são assim, jamais passam em branco num jogo ("Calma, Renato".). Então, invertendo a jogada do gol contra o Cruzeiro, foi a vez de Suárez - tinha de ser ele - virar a bola com talento e visão lá da esquerda do ataque para Bitelo - tinha de ser ele, também -, na direita, dominar, driblar o zagueiro e fuzilar o arqueiro, na mesma goleira que Suárez fuzilou na quarta, só que no ângulo oposto - a coruja agradeceu a consideração. 3x0 com um a menos em campo e Kannemann sorriu no chuveiro do vestiário ao ouvir a gritaria, satisfeito ("Calma, Renato, sei o que faço".). A torcida cantava, extasiada: "Dale ô O Grêmio é copeiro Dale ô Campeão mundial!"
Fatura liquidada, torcida tricolor com as luzes dos celulares ligadas (foto acima), domingo ganho, aos 40 minutos saio pra passar na Grêmio Mania vazia pra comprar a camiseta de pano do Hexa Campeonato Gaúcho 2023 que não deu pra comprar na quarta. Ainda vejo que o Inter faz seu gol de honra, 3x1. Ah, nada de importante. Só lastimo pelo Mano, que é daqui de perto, de Passo do Sobrado e que tem cunhado e sobrinhos em Charqueadas, pois certamente será demitido após a quinta derrota consecutiva. Baita treinador, já fez história no Grêmio, no Corinthians, no Cruzeiro e na Seleção e foi vice do brasileiro do ano passado com o mesmo Inter, mas o futebol é dinâmico. Lembrei de um brigadiano novo, também de Passo do Sobrado, que um dia chegou lá no serviço com um mega carrão. Disse pra ele: "Tu deve ter o terceiro melhor carro de Passo do Sobrado". "Terceiro?" "Sim. E o segundo é o do prefeito". "E o primeiro, de quem é?" - perguntou, curioso. "Do Mano Menezes, óbvio". Ele riu. Na rua, tomando um chopp de 16 pilas pagos com um peixe ("Ai, tu não tem menos?" "Não" - respondi pra moça branquíssima de cabelo lilás), esbarro com quem na fila, de novo? Sim, o Mano de São Jerônimo, era pra gente se encontrar mais uma vez. Ele me abraça e bate no meu peito, quase derruba meu óculos de leitura. Gente boa o Mano, baita cara, amigaço.
Na volta tudo era alegria e felicidade. Era domingo, domingo de Grenal com vitória por 3x1 do Grêmio. Trânsito bom, chegamos cedo, a tempo de comemorar com o Carlinhos berrando ao passar pela frente da casa dele e pra fazer serenata pros colorados da família, cantando o hino do Imortal junto à janela antes de entrar em casa. Eles não gostaram, claro. Nós adoramos, obviamente. Grenal de domingo, tudo de bom.
Uma boa semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam e fiquem com Deus.