João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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O trabalhador continuará existindo?

 

No feriado de ontem, Dia do Trabalhador, por toda a Europa tivemos marchas de trabalhadores pedindo por mais direitos, empregos e reajustes salariais. Na França (foto acima), onde o 1º de Maio foi, principalmente, contra a reforma da Previdência feita por decreto pelo presidente liberal Macron (após este constatar que a mesma não passaria no parlamento), os protestos atingiram a sua maior amplitude. Isso alerta para uma realidade que, se na Europa de altos IDHs já gera essa preocupação, em países desiguais da América do Sul, como o Brasil, deveriam gerar muito mais. Só que não, para estupefação de muitos analistas sociais.

 

Na França a revolta é, sobretudo, contra uma reforma que no Brasil do ex-governo Bolsonaro foi feita de forma mais abrangente. Sem contar a terceirização, a PEC do Congelamento (de investimentos em saúde, educação e salários) e a reforma trabalhista feitas pelo governo Temer, ou seja, por aqui a desgraça foi maior, mas inacreditavelmente tolerada e até apoiada por setores sociais que sobrevivem do trabalho assalariado! Talvez parte da derrota do governo ultraliberal da extrema-direita brasileira se deu um pouco por o povo estar acordando para essa realidade, isto é, que o discurso empreendedorista de que todo mundo vai ser empreendedor e viver disso é uma baita falácia: na verdade as pessoas serão PJs de direito e, de fato, assalariados sem direitos e sem salário, sobrevivendo com renda irregular e ao sabor de um mercado cada vez menor e mais inóspito aos pequenos. Logo, a miséria e a falta de oportunidades de inserção na economia campearão e as pessoas já estão sentindo e vendo isso, desejando agora a revogação total ou parcial destas reformas da agenda liberal pelo novo governo.

 

A revolução digital transforma o processo produtivo e, por consequência, o mundo do trabalho. Se até hoje o desemprego estrutural tecnológico (decorrente da revolução digital) já alertava o mundo para a perspectiva de diminuição estrutural da empregabilidade para as décadas seguintes, agora então mais ainda, com a possibilidade de mais profissões sumirem nos próximos 15 anos com a utilização da Chat GPT, seja na indústria, no comércio, na agricultura e nas comunicações (até os economistas estão a perigo, imagina?). O que será dessas bilhões de pessoas pelo planeta, que pensadores contemporâneos como Yuval Noah Harari, em decorrência da aplicação da inteligência artificial na economia, prevêem que até 2050 comporão uma nova classe, a dos inúteis? Essas pessoas, conforme Harari, não ficarão apenas desempregadas, mas também não serão mais empregáveis! Cruzincredo! Vixe! Conseguem ter ideia do que isso representa?

 

Se no início da revolução industrial eram as condições desumanas e insalubres de trabalho e salários miseráveis para vastas massas exploradas de trabalhadores, agora a luta é pela continuidade da força de trabalho humana como socialmente importante para o processo produtivo e, por conseguinte, para a humanidade. Como ficarão as sociedades? Ontem homenageamos os que deram a vida nos séculos XIX e XX para termos o mundo do trabalho que temos hoje, com direitos, condições e salários dignos, ressaltando seu legado. Contudo, a luta, agora, renovada, deverá ser outra.

 

Uma boa semana para todos, mais curta após esse significativo feriadão. Cuidem-se, vacinem-se, vivam e fiquem com Deus.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 02/05/2023
Alterado em 03/05/2023
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