Curry é um pozinho apimentado culinário de origem asiática e berro é um gritão que alguém dá, em geral por alguma dor aguda ou por estrar muito estressado com algo ou com alguém. Entretanto, essa crônica não é sobre eles, mas sim referente a duas pessoas.
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CURRY - Ontem um parente me enviou ontem uma pergunta pelo Messenger: "João, qual é o sociólogo mais famoso do mundo?" Ué, porque ele está me perguntando isso? - matutei.
Pensei um pouco... Tá, os "três porquinhos" Max Weber, Émile Durkheim e Karl Marx não valem. Nem os antigões, tipo Charles Mills, Karl Mannheim e Theodor Adorno, por exemplo. Uns mais contemporâneos, nos dias de hoje ainda conhecidos... O alemão Jurgen Habermas, da "ação comunicativa"? Os franceses Alain Touraine ("movimentos sociais"), Pierre Bourdieu ("campos de atividade") e Michel Maffesoli ("tribos urbanas")? O inglês Antonhy Giddens, da "teoria da estruturação"? O italiano Domenico de Masi, do "ócio criativo"? O espanhol Manuel Castells, da "sociedade da informação"? O brasileiro Michael Lowy, marxista? O polonês Zygmunt Bauman? Sim, Bauman! Creio que ainda é o mais famoso, no sentido de ser "pop", conhecido pelas pessoas comuns. Falecido em 2017, tornou-se conhecido por ter popularizado o conceito de "modernidade líquida", aplicando-o na análise de várias formas da vida social contemporânea em livros escritos visando o público leigo em Sociologia.
Então respondi: "Bauman, o da modernidade líquida. Conhece?" Disse que não, afirmando que Bauman não era o mais famoso, mas sim Stephen Curry.
- Quem?
- Stephen Curry. Não conhece?
- Não.
- É um jogador de basquete, quebrador de recordes na NBA. Ele é formado em Sociologia e é famosíssimo.
Bom, daí tive de concordar com o meu parente. Legal isso, um atleta de ponta e campeão assumindo publicamente seu orgulho por ter se formado em Sociologia como uma grande conquista de sua vida, com certeza deverá estimular muitos jovens a seguir o mesmo caminho. Aqui em Charqueadas, por exemplo, lembro agora de cabeça de mmim, da Silvana Uchasky, do Márcio Cairuga, do André Gentil e do Guilherme Bertolo que são formados, mais o Baí do Paredão e o Claudinho Fotógrafo que chegaram a cursar. Vai que o Curry tempere uma nova onda de interesse, não é mesmo?
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"BERROS" - Ontem assisti a um show/culto da cantora gospel Aline Barros. Acompanhada por excelentes músicos - baixo, bateria, teclado e duas guitarras - cantou muito, mas, realmente, grita bastante durante a apresentação, como alguém já havia me dito, justificando o apelido de Aline "Berros". Foi muito Jeeeeesuuuus e Seeeenhooor bradado durante a apresentação, o que é da natureza desse tipo de som - na verdade chamar de "Berros" achei exagero do pessoal, pois as chamadas dela são bem classudas. De qualquer jeito, trata-se de uma excelente cantora e o show foi muito bom, valeu a pena ir conhecer. Pudera, Aline é nova, mas já está com 30 anos de carreira. Em resumo, gostei, embora deva confessar um show gospel cause um certo estranhamento em quem não é do público-alvo.
Por outro lado, reparei que quase não se ouvia a guitarra base e refleti do motivo uma segunda guitarra fazendo só base se o teclado poderia muito bem cumprir essa função harmônica na banda. Perto do final do show, Aline chamou seu pai que era... o guitarrista base, que de longe parecia um garoto de cabelo descolorido, mas que mais de perto dava para ver que tratava-se de um senhor de cabelos brancos. Ele fez uma boa pregação para o público, densa, articulada e interessante e - detalhe - sem elevar a voz ou berrar em momento algum. "Berros", só á filha, ele é apenas Barros mesmo.