João Adolfo Guerreiro
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Semana Santa

 

Estudiosos de Arqueologia Bíblica e Filologia afirmam, baseados no que se conhece das leis judaicas e romanas do século I, sobre seus prazos e regramentos, que os evangelhistas sintetizaram em uma semana, com fins didáticos, eventos que por certo aconteceram num período bem maior de tempo, no que se refere à Paixão de Jesus Cristo.

 

O professor de Filologia da Universidade Complutense de Madri, Antonio Piñero, defende essa tese, do ponto de vista histórico. Segundo ele, como está relatado nos evangelhos, todo o processo a que Jesus foi submetido soa inverossímel. O mais provável para Piñero é que o relato da Semana Santa foi um recurso teológico e litúrgico dos evangelistas - baseados num texto anterior ao Evangelho de Marcos (a hipotética fonte Q) -, visando tanto a compreensão da Palavra de Jesus quanto facilitar sua celebração posterior. Logo, trata-se de uma condensação literária e teatral em uma semana de um período de meses, tendo o Domingo de Ramos ocorrido em setembro no ano anterior, durante a Festa dos Tabernáculos, onde as palmas - citadas no Evangelho de João - eram trazidas de Jericó para Jerusalém exclusivamente para uso durante a celebração da festa.

 

Ainda em relação a Jesus, Piñero, mesmo reconhecendo a existência do "Jesus histórico", diz que o "Jesus Cristo" é uma "invenção" posterior da teologia do apóstolo Paulo, de acordo com rigorosos estudos acadêmicos sobre o assunto. Arremata, sobre a ressurreição: é algo que depende unicamente da fé, pois não há, cientificamente, como comprovar ou negar de forma cabal. O fato é que a ressurreição no Domingo de Páscoa em que Jesus foi crucificado é o alicerce onde se assenta todo o cristianismo. Não que a Palavra contida no Novo Testamento (NT), por si, não possua força suficiente para tocar os corações dos homens, com sua mensagem extrema de amor.

 

Afinal, de que tudo isso importa, na Semana Santa? Fé e ciência não são antagônicas e estão em permanente evolução. O que fez Jesus, tanto o histórico quanto o Cristo - como queiram -, senão renovar amorosamente a fé em seu tempo de forma radical e, por isso, ter sido ridicularizado, torturado e executado pelos ignorantes, intolerantes, omissos, hipócritas, déspotas e ambiciosos? E a ciência, que a cada mudança de paradigma supera antigas "certezas", as rebaixando ao status de ideologias? Se condensaram, mas não inventaram, quem há de desautorizar o relato dos sinóticos e de João? Se foi em uma semana ou em sete meses, isso muda o significado e a importância dos acontecimentos? Penso que não, pois num mundo onde fé e ciência se renovam, qual o sentido de bater o martelo das convicções efêmeras? Prefiro ficar com o amor impresso nas páginas do NT, sentimento humano perene.

 

Nesta Quinta-feira Santa, devemos possuir a humildade de lavar o pés - como na aquarela de James Tissot, na imagem acima - e beber o vinho e comer o pão com os nossos, que são todos. Também de seguir os bons ensinamentos da Palavra: - humildade: servir; - prática amorosa; - fé frutífera; - e o principal mandamento: "assim como eu vos amei, que também vós uns aos outros vos ameis". Não é pouco! É fácil de entender, mas difícil de praticar, em se tratando de seres imperfeitos como nós, egoístas e vaidosos.

 

Uma boa Sexta-feira Santa e Sábado de Aleluia para todos, além de um ótimo Domingo de Páscoa. Que o amor renasça em todos, sempre. Fiquem com Deus.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 06/04/2023
Alterado em 06/04/2023
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