Na quinta-feira comemorou-se os 170 anos de nascimento do pintor holandês Vincent van Gogh. Artista mega cultuado pelo mundo, pobre e maldito em vida e admirado como gênio após a morte, a desgraça que foi sua existência é tão superlativa quanto a glória que é sua obra.
Foi daquelas pessoas a quem a frase do mineiro Cecílio Rocha, “A vida é ideal para uns e desespero para outros”, aplica-se à perfeição. Por falar sobre o seu Rocha, mencionarei algo sobre a biografia do pintor que a História ignora: Van Gogh passou por Charqueadas e, aqui, teve sua primeira casa amarela... Fato! É verdade, juro! E a casa de madeira fica, não por acaso, na rua Cecílio Rocha - que alguns ainda insistem em chamar, erroneamente, de Distrito Federal -, em Charqueadas, número 277, estando em ruínas.
Na fase em que viveu um tempo entre mineiros, na região de Borinage, na Bélgica, foi quando veio pra cá, acompanhando uma missão secreta que realizou estudos sobre as possibilidades de se extrair carvão nesta então remota região do extremo sul do Brasil. A casa amarela charqueadense já existia e Vincent van Gogh nela se hospedou, junto com os geólogos belgas. Sua função era fazer gravuras em preto e branco do trabalho destes e do local. Tudo tão sigiloso que não ficaram registros de sua passagem por aqui e tampouco cópias de seu trabalho.
No retorno para a Bélgica, após uma de suas já frequentes crises, foi para a França e, lá, em Arles, como sabemos, financiado pelo irmão, Theo, montou a famosa Casa Amarela, inspirada naquela da rua Cecílio Rocha, onde sua arte teve grande evolução e produtividade, embora o ainda crônico insucesso comercial. Lá, convivendo artisticamente com o pintor Paul Gauguin, ocorreu o famoso episódio da orelha cortada, durante um possível surto psicótico em virtude da saúde mental já afetada pela sífilis - não consta que tenha contraído a doença em Charqueadas.
Bom, era isso. Não contem pra ninguém essa história, pois não acreditarão em vocês, acharão que é mentira. Entretanto, é a mais pura verdade. Quando estiverem em charqueadas, passem pela rua Cecílio Rocha e reparem no que sobrou da antiga casa amarela, pois agora já conhecem um de seus mais bem guardados segredos.
Um bom sábado e um bom final de semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam e fiquem com Deus.