João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
Capa Meu Diário Textos Áudios Fotos Perfil Livros à Venda Livro de Visitas Contato Links
Textos

É a me$ma guerra, $empre

 

É $empre a me$ma guerra!

 

Vocês acreditam mesmo que Esparta invadiu Troia apenas porque Páris roubou Helena, a esposa do rei Menelau? Que Agamenon viajou de barco até lá com seu exército, junto com Aquiles, só pela honra do irmão? Mas claro que não! Era por grana e poder, ne$$a ordem que é, $empre, a me$ma ordem, como escreveu Karl Marx em outras palavras: o mundo material determina o mundo espiritual. Ou melhor ainda: a estrutura econômica rege a superestrutura política. Logo, as guerras, todas elas, são, antes de tudo, economicamente motivada$. Intere$$e$. Foi o caso da Guerra do Iraque, que fez 20 anos no último dia 20 de março.

 

Seus antecedentes estão na Guerra do Golfo (1990/91), quando o Iraque, sob o comando de Saddam Hussein, invadiu o Kuwait para deter suas reservas de petróleo e, portanto, $, aumentando seu poder. Os EUA, que anos antes haviam criado o sunita Saddam a fim de conter a maioria xiita pró-Iran no país, deram fim à empreitada iraquiana. Mais além, em março de 2003, terminaram o serviço, dando cabo de Saddam, que encerrou seus dias pendurado numa corda - quem pariu Mateus, que o enforque! -, tudo sob o falso pretexto de que seu governo possuía armas de destruição em massa que jamais foram encontradas, talvez engolidas pelas areias do deserto...

 

Os vinte anos da Guerra do Iraque, para além do fato em si, servem, como escrevi acima, como prova de que toda a guerra é sempre a mesma guerra. Guerras da Coreia (1950/53), Vietnã (1955/75), Afeganistão URSS (1979/89), Afeganistão EUA OTAN (2001/21) e, agora, a da Ucrânia. A Guerra da Ucrânia é a nova versão das anteriores e, especificamente para a Rússia, seu novo Afeganistão que, em seu tempo, foi a versão soviética do que o Vietnã fora para os EUA. Os atores envolvidos são, via de regra, sempre os mesmos: Rússia x EUA/Europa/OTAN. Poderia até dizer se tratar de um confronto geopolítico comunistas x capitalistas, típico da Guerra Fria (1947/91), mas seria um erro crasso por três motivos: 1 - a URSS foi dissolvida; 2 - a Rússia não é mais comunista; 3 - acerta o linguista estadunidense Noam Chomsky ao dizer que a OTAN continuou a se expandir à leste após a débâcle da URSS comunista por que a luta da OTAN nunca foi, na verdade, anticomunista e democrática, mas sim geopolítica (+matéria-prima+grana+poder). Matou a charada! Os russos invadiram a Crimeia (2014) e a Ucrânia (2022) exatamente pelo me$mo motivo, o resto são os falsos pretextos de sempre. Não há boas intenções, mocinho, herói ou santo em geopolítica, apena$ intere$$e$.

 

A URSS invadiu o Afeganistão em 1979 a fim de apoiar o governo marxista-leninista do país, enquanto EUA, países europeus e China (!) apoiaram militarmente os milicianos islamitas opositores do regime e criaram o Taliban e Osama Bin Laden, ou seja, criaram os urubus que furariam seus olhos em 11 de setembro de 2001, no World Trade Center - o que deu motivo para a Guerra do Afeganistão EUA OTAN. Se deram mal os russos, assim como os americanos haviam se dado mal no Vietnã, onde os comunistas russos e chineses apoiaram o Vietnã do Norte. Agora, a Rússia capitalista de Putin e seus bilionários se atola na Ucrânia, armada por EUA/Europa/OTAN. Só que, para azar dos ucranianos, a Rússia de Putin não é o Iraque de Saddam, o Vietnã do Norte de Hô Chí Minh, o Afeganistão dos comunas ou dos talibâs ou a Coreia do Norte de Kim Il-sung, pois, ao contrário destes, possui, de fato, armas de destruição em massa, seis mil delas que podem, em uma hora, varrer nuclearmente do mapa EUA e Europa, sendo a recíproca verdadeira. Logo, não haverá uma ação militar direta contra a Rússia em favor da Ucrânia, como ocorreu no Iraque a favor do Kuwait em 1990 e para depor Saddam, há vinte anos. Ninguém gosta tanto assim de grana e poder a ponto de morrer por eles e não poder usufruir do Putin, digo, do butim. Corre até o risco de Zelensky ser rifado e virar a bola da vez... O que é muito provável, vendo os conflitos anteriores envolvendo os mesmos países, é a Guerra da Ucrânia ainda durar muito tempo.

 

Os vinte anos após a Guerra do Iraque, onde uma barbaridade de civis iraquianos morreram da mesma forma que os ucranianos hoje - bombardeados -, dão razão à canção de Belchior: "Ainda $omo$ o$ me$mo$ e vivemo$ como no$$o$ pai$". A Guerra Fria esquentou, renascendo das cinzas como uma fênix agourenta e apocalíptica. Parece que o fim da URSS comunista apenas deu um hiato histórico à mesma, enquanto a Rússia capitalista engatinhava e reaprendia a andar. Conclusão: é a me$ma guerra, $empre; é $empre a me$ma guerra!

 

Áudio (uma canção, infelizmente, ainda atual): Março 2003

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 29/03/2023
Alterado em 06/09/2023
Comentários