Uma das categorias profissionais mais antigas e características da cidade de Charqueadas é a dos servidores penitenciários. Como nascido e criado no bairro Colônia Penal e neto de trabalhadores do serviço penitenciário, poderia dizer que possuo bom conhecimento sobre essa labuta que, inclusive, há mais de trinta anos exerço enquanto servidor público estadual concursado. Sempre penso comigo mesmo que, em comum à minha maior influência no gênero literário crônica, Paulo Sant"Ana, tenho a Segurança Pública gaúcha. E, como hoje é o Dia Internacional da Mulher, escreverei especificamente sobre as servidoras penitenciárias.
Denizar Almeida, antigo morador da Colônia e ex-servidor penitenciário, conheceu meus avós e testemunha que minha avó materna, Emília Rosa de Souza, fez parte do primeiro quadro de "revistadeiras" do sistema penitenciário gaúcho - seu marido, Adolfo de Souza, meu avô, era servidor. Tudo antes antes mesmo de a Superintendência dos Serviços Penitenciários - Susepe - ser criada, há quase 55 anos, em dezembro de 1968. Com essa base de meu histórico familiar, ao entrar no serviço público, em janeiro de 1993, comecei a dividir o ambiente de trabalho com essas mulheres admiráveis, mães, esposas, filhas, amigas, colegas e, enfim, cidadãs que foram à luta e venceram pelo seu próprio esforço e capacidade intelectual, conseguindo boa posição num mercado de trabalho que, ainda hoje, é desfavorável à força de trabalho feminina. Todavia, repito, elas venceram e são um dos vários exemplos a serem seguidos pelas jovens mulheres de hoje, iniciando na vida social e profissional.
Admiro e respeito muito o trabalho das servidoras penitenciárias, sejam agentes (AP), técnicas (TSP) ou administrativas (APA). Vi colegas que iniciaram comigo aqui em Charqueadas chegarem a superintendentes, cargo máximo da Susepe, e, também, APAs, TSPs e APs assumirem a direção da PMEC e da 9ª Delegacia Penitenciária, ou seja, sou testemunha da capacidade e do protagonismo feminino no serviço penitenciário tanto local quanto estadual. Mais do que isso, ainda, compartilhei com muitas delas as lutas da categoria, onde as mesmas, igualmente, mostraram que o empoderamento não é apenas funcional, mas também classista, exercendo liderança sindical e nos movimentos reivindicatórios.
Na maior parte de minha atividade tive a felicidade e a sorte de dividir a lida de equipe e turma com colegas, o que só me fez confirmar mais ainda a capacidade profissional cotidiana destas, muito aprendendo com elas e, assim, evoluindo como profissional. Só tenho a agradecê-las por tal. Assim, hoje, Dia Internacional das Mulheres, dia de luta e de empoderamento feminino, envio um abraço muito especial para as colegas servidoras penitenciárias.
Tenho absoluta convicção de que, testemunhando particularmente sobre elas para a sociedade, faço uma homenagem universal à luta histórica de todas as mulheres que, através do tempo, ontem e hoje, contribuíram para a libertação feminina e, por conseguinte, para a evolução da sociedade.
Valeu, colegas. Parabéns, mulheres, pelo seu Dia internacional.