João Adolfo Guerreiro
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Pixinguinha, o "Carinhoso"

 

Você já ouviu falar de Pixinguinha? Se sim, ok. Se não, diga já se conhece essa canção: "Meu coração Não sei porque Bate feliz Quando te vê E os meus olhos ficam sorrindo E pelas ruas vão te seguindo Mas mesmo assim Foges de mim". Conhece? Pois então, Pixinguinha, o grande nome da Música Popular Brasileira da primeira metade do século XX e um dos maiores do século passado, eis que consolidou o gênero musical chorinho, foi o autor da música.

 

Arranjador, virtuoso da flauta e do saxofone, maestro, compositor e improvisador, um músico gigantesco cuja obra não pode passar desconhecida pelas atuais gerações por sua qualidade e importância. Carinhoso, a canção acima, é sua composição mais famosa, dentre outras pérolas, como Lamento. Há controvérsias, mas a maioria dos pesquisadores trabalha com 1917 como o ano em que foi feita, ao passo que em 1937 é certo que foi gravada, já com a letra de João de Barro, por Orlando Silva. Uma canção de melodia inicialmente simples, mas com uma harmonia muito rica e sofisticada, um passo adiante para a MPB da época. Quando comecei a evoluir no violão para além do básico, um ponto alto foi conseguir acompanhar minha mãe cantando Carinhoso - a voz dela era única, afinada e cristalina -, o que me deixou muito satisfeito. No tom de Dó Maior (o original é Fá), alternava trinta acordes diferentes para executar a harmonia da canção - que não é bom tentar decorar, mas sim seguir a fluidez da melodia, que se casa perfeitamente com as sequências harmônicas, facilitando o trabalho.

 

Pixinguinha tocou em muitos conjuntos ao longo de sua carreira, mas um dos destaques foi o Oito Batutas, atuante entre os anos de 1919 e 1927. O conjunto também tinha em sua formação o violonista Donga, aquele que gravou o primeiro samba, Pelo Telefone (1916). Tenho escrito nas crônicas desta semana sobre a importância dos anos iniciais do século XX para o Brasil de hoje, de como ainda vivemos sob o signo daquela modernidade em vários aspectos. Pois Pixinguinha fez parte disso, como estamos vendo. Voltando aos Oito Batutas, o sucesso foi tamanho que em 1922 excursionou por seis meses pela França e, depois, pela Argentina.

 

Alfredo da Rocha Viana Filho - seu nome civil - faleceu em 17 de março de 1973, há exatos cinquenta anos, de um ataque cardíaco enquanto esperava para ser padrinho numa cerimônia de batismo. Como a canção que usei nesta crônica, Carinhoso, foi gravada inicialmente na versão instrumental em que foi originalmente composta, deixo um vídeo do grande músico brasileiro Hamilton de Holanda interpretando-a com excelência no bandolim de dez cordas, um primor. Holanda, é pertinente informar, teve a iniciativa de propor o 23 de abril como Dia Nacional do Choro, por ser o dia do nascimento de Pixinguinha, o que foi aprovado em setembro de 2000. Em 2016 foi descoberto que a data verdadeira em que o artista nasceu foi em 4 de maio de 1897, mas o Dia do Choro não foi alterado.

 

Para quem se interessou por Pixinguinha e em especial por Carinhoso, posto também outro vídeo de Holanda, nele abordando com profundidade os aspectos técnicos e musicais da canção, mostrando o quão talentoso era o músico e compositor. O melhor, claro, é o leitor pesquisar mais sobre a biografia e a obra desse grande músico de nosso pais.

 

Vídeos You Tube:

Carinhoso, por Hamilton de Holanda

Carinhoso: Por que tanta gente gosta?

 

 

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 17/02/2023
Alterado em 17/02/2023
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