Charqueadas - Cidreira, cidades do rio e do mar, locais de fé a partir de religiões distintas, com devoções à Navegantes e a Yemanjá. Impossível professar uma fé que não seja tolerante, pois o amor a exige, como um dos seus pressupostos.
Um amor que é muito mais do que o "amar ao próximo como a si mesmo", o espelho do ego; é o amor pleno, "amar como Eu vos amei", amor quase impossível ao ser humano de hoje. Jesus, ao ser crucificado, pensou nos romanos que o pregavam na cruz e pediu ao Pai que fossem perdoados, dada sua ignorância. Amor extremo. Logo, toda crença ou todo crente que se afasta do princípio do amor por Ele ensinado e demonstrado, Dele se afasta.
O velho rio Jacuí, para quem às suas margens mora ou morou, testemunhou ambas as devoções. Eu, por exemplo, recordo tanto das procissões originadas na Igreja Nossa Senhora dos Navegantes quanto, na Colônia, das oferendas saídas da Terreira do Seu Caldeira, lá pelos anos 1970. Em todas, barcos em miniatura. Quantas vezes quis brincar com eles? Necas, os adultos, obviamente, não deixavam.
Em ambas sempre vi a fé e a devoção inspirando o amor pela mãe natureza, parte de nossa "casa comum", como diz o Papa Francisco. Em ambas, o apelo à proteção sobrenatural e maternal ao ser humano, frágil filho enfrentando as forças da natureza. É o amor extremo, traduzido e simbolizado pelo amor de mãe: mãe humana, mãe natureza, mãe espiritual.
Fé, amor, devoção e tolerância geram respeito.
Uma boa semana para todos. Cuidem-se, tomem vacina, usem máscara em locais fechados, vivam, amem e fiquem com Deus.