João Adolfo Guerreiro
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Hitler e o Museu

 

O dia de hoje marca duas importantes efemérides, dignas de nota para o Rio Grande do Sul e o mundo: os 120 do Museu Júlio de Castilhos e os 90 anos da nomeação de Hitler como Chanceler do Reich pelo presidente alemão Hindenburg. Comecemos, ao contrário do título desta crônica, pelos mais velhos.

 

Em 30 de janeiro de 1903 foi criado pelo então presidente do Estado, Antônio Borges de Medeiros (1863 - 1961), o Museu do Estado, atual Museu Júlio de Castilhos, o mais antigo do Rio Grande do Sul. Nesse mesmo ano, em 24 de outubro, morre o grande líder do Partido Republicano Riograndense - PRR (mesmo partido de Borges), o político e jornalista Júlio de Castilhos (1860 - 1903), presidente do Estado de 1891 a 1898. Em 1905, o museu foi transferido para a residência do falecido, onde está até hoje, na rua Duque de Caxias, 1231, onde pode ser visitado de terça-feira à sábado, das 10 às 18 horas, com entrada franca.

 

Júlio de Castilhos foi um ideólogo do positivismo - doutrina filosófica criada pelo francês Auguste Comte (1798 - 1857) - no Rio Grande do Sul e no Brasil - os militares que deram o golpe da Proclamação da República eram positivistas. Sua influência foi gigantesca, pois, além de dominar a política gaúcha por 40 anos, o "castilhismo" foi junto com Getúlio Vargas para o centro do país, com a Revolução de 1930. Sobre Castilhos e o "castilhismo" o historiador gaúcho Décio Freitas lançou, em 1998, o livro O homem que inventou a ditadura no Brasil, onde postula que este criou um modelo de ditadura constitucionalmente embasada, que influenciou o Estado Novo de 1937 e a Ditadura Militar de 1964. Além do Museu, Júlio tem um portentoso monumento na Praça da Matriz em sua homenagem, enquanto que outra relíquia do tempo do positivismo no Rio Grande do Sul é o Templo Positivista de Porto Alegre, localizado na avenida João Pessoa, 1058, que abre para visitações aos domingos.

 

Todos os problemas tiveram de fato início quando o presidente alemão Paul Van Hindenburg (1847 - 1934) - ex-comandante do Exército Alemão na Primeira Guerra Mundial -, cedeu a apelos de políticos e empresários e indicou o líder do Partido Nazista, Adolf Hitler (1889 - 1945), como Chanceler - chefe de governo -, visando dar estabilidade política ao país e confrontar os comunistas. Hitler não deixou escapar a oportunidade única, montando em 30 de janeiro de 1933 no Cavalo da História que passou encilhado e, em um ano, todos os demais partidos já haviam sido proscritos e ele se tornou o Führer - líder - da Alemanha. O resto é o que todos nós conhecemos, da Alemanha para o mundo, a experiência totalitária do nazismo. O curioso é que a cegueira em relação ao que o nazismo representava grassou até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, quando Hitler chegou a ser a "Personalidade do Ano", em 1938, pela prestigiosa revista estadunidense Time, como ameaça ao mundo democrático.

 

"Um povo que não conhece sua História está fadado a repeti-la" - Edmund Burke. Eis as lições que podemos tirar a partir das datas redondas deste 30 de janeiro de 2023.

 

Uma boa semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, usem máscara em locais fechados, vivam e fiquem com Deus.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 30/01/2023
Alterado em 31/01/2023
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