João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Textos

Uma festa do balacobaco

 

Quando tu sais quase no final da manhã pra uma festa de 65 anos num domingo quente de verão gaúcho tu esperas algo simples, tipo carne bem assada, cerveja e uma boa prosa. Ok, tudo nos conformes. Mas quanto tu chegas no rancho do vivente e o vê sentado, em trajes de banho, na piscina de plástico das crianças, tu pensas: Mas bah, isso aqui hoje vai ser um troço diferente. E foi!

 

Na chegada, as crianças estavam com uns cilindros de água bombardeando o pessoal, na maior agitação. Entrei pelo lado da casa pra não ter os meus All Star verdes de cano longo molhados. Minha esposa rateou e levou uma rajada d'água do sobrinho pequeno. Buenas, entramos e sentamos pra comer. Tinha um pão assado no forno tão buenacho que dispensei o arroz e a maionese. O assador trouxe pedaços de costelão primorosos de tão bons e bem assados que me fartei junto com um latão de Puro Malte. Ô coisa boa. Bom ser bem recebido num lugar cheio de gente alegre.

 

Vamos sentar nas cadeiras na área depois e a farra d'água continua a mil, com a participação dos irmãos mais novos do aniversariante, não esquecendo que era uma festa de 65 anos. Ninguém escapava: homens, mulheres e crianças. Estava sendo poupado, junto com dois casais mais idosos, por não ser uma visita consanguínea. Mas muito legal de ver aquilo, aquele pessoal mostrando que a idade, em parte, está, sim, no espírito. A boa energia, quando rola, vitaliza. E então chegou a hora do bolo...

 

Eu, sinceramente, não esperava por aquilo. Não que, sendo sincero, tal o clima da festa, tenha me surpreendido, mas que não esperava, ah, isso não esperava. Queriam enfiar a cara do aniversariante no bolo, depois dele assoprar as velinhas. A filha: "Calma, gente, só tem esse bolo". O bom senso prevaleceu: irmãos e irmãs, junto ao bolo, soprando as velinhas e... passando recheio no rosto uns dos outros. O aniversariante foi o alvo preferido, claro. A filha, novamente: "Calma, gente, só tem esse bolo. Peguem recheio só dum lado". Acabou igualmente recheada, claro. E mais água pra limpar tudo isso. Gente, que barato, A D O R E I. Depois viraram o bolo e serviram na parte que escapara incólume dos dedos, e ainda assim rolaram umas tortas na cara.

 

E, depois do bolo, a farra d´água continuou. Percebi que as pessoas já me olhavam cheias de segundas intenções, o "respeito" já começando a fraquejar, e concluí que não poderia ser o Joãozinho-do-passo-certo do dia, pousando de chato. Quer saber duma coisa? Melhor se aliar, quando os adversários são muitos e determinados. Tirei os All Star, coloquei no capô do carro e entrei na piscina, pronto para as bombas que vieram. Eh eh eh eh, ô coisa boa. A água da piscina tava legal, mas a do poço, que vinha duma mangueira, gelada. Dane-se, um Guerreiro não chia, aguenta. Ao sair, fui pegar os tênis e constatei que estavam cheios de água. Eh eh eh eh eh.

 

Muito bom ser convidado para partilhar um momento desses, a vida é bela e pode ser maravilhosa. Pensei em que nome dar à festa nessa crônica. Não poderia ser uma gíria atual, dada a faixa etária predominante, mas algo de outros tempos. Balacobaco! Isso, balacobaco, uma festa do balacobaco foi o que ela, literal e literariamente, foi. Espero fazer uma festa com esse espírito quando fizer meus 65, embora sem água, eis que nasci no alto do inverno, na noite mais longa do ano.

 

Lembrou-me os inesquecíveis aniversários do seu Pedro Acosta, lá na Colônia, que ocorriam em fevereiro, mas essa é outra história do balacobaco, pra ser contada numa futura crônica.

 

Uma boa semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, usem máscara em locais fechados, vivam, divirtam-se e fiquem com Deus.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 23/01/2023
Alterado em 16/02/2023
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