João Adolfo Guerreiro
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Textos

Peninha, Veríssimo, Mendes e Juremir

 

Sociedade dos cronistas ausentes

 

Sou, originariamente, um leitor de escritos em papel, como todos os da minha geração, a ponto de ter estranhado, alguns anos atrás, quando uma jornalista me disse que não lia mais nada em papel. Já leio na tela hoje em dia, até porque agora só escrevo na internet - embora tenha iniciado em colunas de semanários impressos, como meus mestres -, mas ainda compro jornal e confiro os cronistas. De fato são os cronistas que me levam a fidelizar um jornal e, no sentido inverso, a deixar de comprá-lo. Já foram muitos cronistas durante esses anos, uma pá deles falecidos, entretanto não será uma crônica sobre cronistas mortos, mas sim de cronistas ausentes.

 

Como leio cronistas no papel, a recente saída de Eduardo "Peninha" Bueno da Zero Hora, deixando de escrever toda sexta-feira na página 3 daquele diário, contrariou-me. Gostava M U I T O de pegar na banca a ZH de sexta e apreciar sua coluna. Como ainda existe um time de cronistas muito bons presentes por lá - Laitano, Tenório, Karnal, Medeiros, Carpinejar, Gerbase, Fischer, Tajes, etc -, continuarei comprando o jornal, mas nenhum deles substituirá Peninha, cujos textos seguia. Aliás, depois que o David Coimbra morreu e o Luis Fernando Veríssimo e o Moisés Mendes saíram, Bueno meio que preencheu uma lacuna no meu gosto pessoal (1). Já o Correio do Povo, para citar outro jornal estadual, parei de ler após a demissão de Juremir Machado da Silva, outro dos meus confirmados. Sem aquela coluna diária e sem o Caderno de Sábado o CP perdeu todo o atrativo pra mim.

 

Na internet não consigo acompanhar cronistas e colunistas, nem os ausentes. Mania de gente da velha escola que tem dificuldade em mudar hábitos fortemente arraigados, sei lá. Tornei-me, logo, um diferentão nesses tempos virtuais, um dino, um elo perdido no museu antropo-literário das espécies extintas de leitores. Só os leio quando busco por algo específico e encontro colunas escritas a respeito. Pra não mentir digo que acompanho regularmente somente um cronista pernambucano que escreve para o site literário Recanto das Letras, o Dartagnan Ferraz - pseudônimo de Willian Porto. Cronista antigo, dos bons, já falei dele aqui no Portal, inclusive publiquei um texto de sua autoria. Textos curtos, diretos, quase todos os dias, sobre atualidades do país e outros assuntos, coisa bem típica da crônica tradicional que tanto aprecio. Ferraz/Porto, contudo, é um cronista presente.

 

Já os ausentes me deixam saudade no ritual de ler os jornais pela manhã. Ainda criarei uma Sociedade dos Cronistas Ausentes do Jornal Impresso, relembrando suas crônicas dos tempos áureos nas páginas em formato tablóide. Lerei seus textos durante o Sarau Literário de Charqueadas ou na Confraria do Café com Pastel sem Carro, para literatos e confrades. E também darei uma olhadela de vez em quando no que estão produzindo na internet. Uma crônica politica do Mendes, uma filosófica do Juremir, uma clássica do Veríssimo, uma histórica do Peninha e até mesmo uma de mulher do Coimbra, que faleceu tão recentemente - nem um ano - que ainda o incluirei na categoria de cronista ausente.

 

Cada louco com suas manias, né. Eu com as minhas, vocês com as suas.

 

(1) - PS: Só para não deixar passar em branco, mas sim em azul, preto e branco, imagino, sendo o futebol um tema clássico da crônica brasileira, o que Peninha, Coimbra e Paulo Sant'Ana - o melhor dentre todos, o "Gênio Idiota" -, como cronistas gremistas declarados, escreveriam nas páginas do jornal sobre a estreia de Luizito Suárez no Grêmio ontem, fazendo três gols e ajudando o Tricolosso e levantar a taça da Recopa Gáucha na Arena.

 

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 18/01/2023
Alterado em 18/01/2023
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