Provenho meu gato. Água, comida e caixinha, embora também se vire ao felinar pela rua - aliás, exige esses momentos. Nos damos mui bem, nos respeitamos. Não defeca nem urina pela casa. Só mia quando está com fome e vacilei com o potinho. No mais, não xaropeia. Quando está comendo o deixo de boa, ao passo que não amola ao lado da cadeira durante minhas refeições.
O sofá é grande: se está deitado num lugar, sento no outro; se estou sentado num canto, deita no outro. Se é vontade mútua, ficamos juntos, ele no meu colo; se um não quer, o outro respeita e não guarda mágoa. Um gato possui aguçada inteligência emocional, entende o momento alheio, embora não admita violência, ficando irremediavelmente arredio e sestroso, nesses casos. Não me unha e não bato nele. Brincadeiras somente se pinta um clima. Carinho, não sendo grude demasiado, tudo ok. Há, inclusive, certa tolerância para espaçamentos de lado a lado, desde que, igualmente, não ultrapassem alinha vermelha da inconveniência.
De vez em quando aparece com um bicho inteiro ou pela metade, recém caçado. Não como, claro, mas entendo e demonstro gratidão pela demonstração de apreço que isso significa. Quando o acaricio, ronrona e, por vezes, esfrega-se em minhas pernas ou aperta com as unhas minhas costelas, sovando-as.
Assim compartilhamos afeto e meu gato me ensina a respeitar e a cuidar das pessoas, mesmo sendo uma pequena fera felina. Um animal pequeno e feroz, mas domesticado e que, por o ser, igualmente domestica e educa, pois isso tudo é prática cotidiana que se fixa no comportamento.
Eu e meu gato, parceiros.