João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Natal, nascimento e renovação

 

Esse será o primeiro dia 25 de dezembro em que meus pais estarão ausentes fisicamente, presentes apenas em nossa lembrança e pensamento. Foram eles que, ao longo de nossa infância, incutiram-nos o apego e o gosto pelo Natal e seu tão citado espírito, ou seja, o de amor e compartilhamento.

 

O que é o Natal, senão um período que, do primeiro domingo do Advento ao Dia de Reis, nos faz lembrar que somos, todos, irmãos? Isso mesmo, seja bolsominion ou esquerdopata, ucraniano ou russo, bandido ou polícia, somos TODOS, absolutamente todos, IRMÃOS. Essa foi a mensagem de Jesus em sua passagem terrena. Devemos, todos, amar uns aos outros como Ele nos amou. Comemorar o nascimento de Jesus é lembrar disso. Por outro lado, como tal ainda não acontece no mundo mesmo após dois milhares de anos da mensagem ser dada, o Natal continua sendo, basicamente, uma festa de família. Isso porque amar o próximo que está de fato bem próximo é mais humanamente razoável do que simplesmente amar ao próximo, o outro, em suma, TODOS.

 

E mesmo as famílias se desunem. Nosso Natal, em décadas anteriores, incluía toda a família materna, os Souza, mas tempos depois, por essas coisas da vida que separam as pessoas, os núcleos familiares passaram a confraternizar cada um em sua casa. Eu e minha irmã mantemos a tradição herdada de nossos pais e nos reunimos na data principal natalina. Eles davam importância ao Natal pelo valor que davam à família, eis que sabiam, por experiência, a falta que ela faz na vida. Minha mãe ficou órfã de pai pouco antes de completar 15 anos e isso foi um tremendo baque na vida deles, levando-os a enormes dificuldades materiais. Sua mãe morreu quando ela estava com 22 anos. Já meu pai foi criado dos dois aos 12 anos por uns tios dos quais ele não sentia saudade alguma, bem pelo contrário. Assim, eles colocavam no Natal o espírito de amor em família, superando o passado - creio firmemente - e intencionalmente construindo para nós uma base sólida, afetiva e familiar.

 

Árvore, presépio, luzinhas, canções natalinas e presentes, sempre tivemos tudo isso lá em casa, e eu A D O R A V A. Agradeço muito aos meus pais por isso, mas bah, são momentos felizes que marcaram por demais minha infância. A mãe faleceu em setembro de 2021 e o pai em 30 de dezembro. Mesmo fraco pela doença que o assolava duramente, buscou ânimo e disposição para participar ativamente da ceia de Natal, distribuindo cartões com mensagens significativas para os familiares. Foi sua despedida, em grande estilo, reafirmando seu amor por seus parentes mais próximos e queridos: filhos, genro, nora, netos, neta e bisneta. Em 2021, portanto, entre os Souza Rocha Oliveira Guerreiro, uns partiam e outros recém chegavam, sendo que agora, em 2022, outros também estão a caminho.

 

A vida se renova, as famílias se renovam. Natal, nascimento e renovação, pelo amor em sentido amplo e absoluto, como Ele ensinou e viveu. Comemoremos, portanto, mais uma vez, o Natal. Pelos que foram, pelos que estão e pelos que virão. A vida é um milagre incessante, rompendo o limite da brevidade humana e ecoando, aqui, como intuição, a realidade da vida eterna.

 

Um bom final de semana e um ótimo Natal para todos. Cuidem-se, vacinem-se, usem máscara em locais fechados, vivam e fiquem com Deus.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 23/12/2022
Alterado em 23/12/2022
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