João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
Capa Meu Diário Textos Áudios Fotos Perfil Livros à Venda Livro de Visitas Contato Links
Textos

Guimarães Rosa, o grande de Grande

 

Sempre que aparece oportunidade, aproveito para cronicar sobre o escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908 - 1967), autor do (na minha opinião) melhor romance da literatura brasileira, Grande Sertão: Veredas (1956). Dia 19 fez 55 anos da morte do literato, que era um grande apreciador de gatos - isso sempre depõe a favor de qualquer pessoa.

 

Guimarães Rosa foi membro da Academia Brasileira de Letras, médico, diplomata, poliglota (falava oito línguas e lia em doze) e casado com a também poliglota (dominava quatro idiomas) Aracy Moebius de Carvalho (com Rosa, na foto cima). Aliás, conheceu-a na embaixada brasileira em Hamburgo, na Alemanha nazista, onde se notabilizaram por sua ação em favor dos judeus perseguidos, liberando grande quantidade de vistos de migração para o Brasil.

 

A maioria das muitas frases do autor citadas em postagens das redes sociais é de Grande Sertão e, a bem da mais restrita verdade, são ditas pelo ex-jagunço e então fazendeiro Riobaldo Tatarana, personagem que narra a história, em retrospectiva, já no final da vida. "Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja" - assim abre o romance, onde Riobaldo inicia seu relato biográfico a um visitante de sua fazenda, cujo nome não é dito ao longo do texto.

 

Vamos a algumas dessas frases:

 

"Viver é negócio muito perigoso."

"No viver tudo cabe."

"Viver... O senhor já sabe: viver é etcétera..."

"A gente só sabe bem daquilo que não entende."

"Ser forte é parar quieto; permanecer."

"O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais."

"Deus existe mesmo quando não há."

"O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é nomeio da travessia."

"O amor? Pássaro que põe ovos de ferro."

"Viver é um descuido prosseguido."

"Esta vida está cheia de ocultos caminhos. Se o senhor souber, sabe; não sabendo, não me entenderá."

"Coração mistura amores. Tudo cabe."

"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta, O que ela quer da gente é coragem."

"O amor só mente para dizer maior verdade."

"Perto de muita água, tudo é feliz."

“Maiores vezes, ainda fico pensando. Em certo momento, se o caminho demudasse – se o que aconteceu não tivesse acontecido? Como havia de ter sido a ser? Memórias que não me dão fundamento. O passado – é ossos em redor de ninho de coruja...”

 

E tem muuuuuiiiiiiito mais, mas bah, uai sô! Grande Sertão é um manancial de frases desse tipo, só eu anotei num caderno quatrocentas e quinze quando li as 624 páginas do romance. Guimarães Rosa foi grande, diria mesmo gigantesco em Grande Sertão: Veredas. Faça sua travessia pelo romance e confira por conta própria o que eu testemunho. Mega recomendo.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 23/11/2022
Alterado em 23/11/2022
Comentários